As religiões, de
um modo geral, recusam a ideia de morte. Afinal, se as representações do sagrado personificam
uma dimensão simbólica projetada além do
tempo e do próprio mundo, as divindades, por sua vez, expressam a positividade
do Ser contra o não-ser e, consequentemente, afirmam a vida como um processo
eterno. Pelo menos para as crenças monoteístas esta é uma verdade absoluta. Mas
é claro que o politeísmo grego e hindu já apresentavam, muito antes do monoteísmo,
crenças na reencarnação e na vida após a
morte.
Diria mesmo que
a imaginação de deuses, ou qualquer crença em grandezas metafisicas responsáveis pela ordem do universo, encontra
boa parte de sua inspiração no nosso instintivo medo da morte e na nossa
necessidade de domestica-la através de ritos fúnebres que parecem remontar a pré
história.
A consciência da
morte é uma das desvantagens do devir humano. Somos os únicos animais que
morremos, pois conceitualizamos o morrer de tal forma que o tornamos algo mais
do que um fato natural. Mas um paradoxos
que contradiz nossas representações e experiências da vida.
Por isso as
religiões tendem a oferecer, mesmo que sem sucesso efetivo, através de seus
preceitos, uma educação para a morte. Mas nenhuma crença pueril em vida eterna
ou qualquer coisa parecida é suficiente para confortar a perda de um ente
querido ou mesmo lidar com uma doença fatal.
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