quarta-feira, 25 de abril de 2018

CRENÇAS RELIGIOSAS E A TENTATIVA DE DOMESTICAÇÃO DA MORTE


As religiões, de um modo geral, recusam a ideia de morte. Afinal,  se as representações do sagrado personificam uma dimensão simbólica  projetada além do tempo e do próprio mundo, as divindades, por sua vez, expressam a positividade do Ser contra o não-ser e, consequentemente, afirmam a vida como um processo eterno. Pelo menos para as crenças monoteístas esta é uma verdade absoluta. Mas é claro que o politeísmo grego e hindu já apresentavam, muito antes do monoteísmo, crenças  na reencarnação e na vida após a morte.


Diria mesmo que a imaginação de deuses, ou qualquer crença em grandezas metafisicas  responsáveis pela ordem do universo, encontra boa parte de sua inspiração no nosso instintivo medo da morte e na nossa necessidade de domestica-la através de ritos fúnebres que parecem remontar a pré história.  

A consciência da morte é uma das desvantagens do devir humano. Somos os únicos animais que morremos, pois conceitualizamos o morrer de tal forma que o tornamos algo mais do que um fato natural. Mas um paradoxos  que contradiz nossas representações e experiências da vida.
Por isso as religiões tendem a oferecer, mesmo que sem sucesso efetivo, através de seus preceitos, uma educação para a morte. Mas nenhuma crença pueril em vida eterna ou qualquer coisa parecida é suficiente para confortar a perda de um ente querido ou mesmo lidar com uma doença fatal.

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