segunda-feira, 7 de maio de 2018

O DESAFIO DO CORPO


Há sempre um certo desconforto em relação ao corpo. Podemos atribui-lo a experiência de sua perenidade e finitude. Experiência que socialmente procuramos negar no plano da cultura.  O dualismo metafisico mente e corpo, por exemplo, acaba por nos impor uma certa valorização de um “eu” abstrato e espiritualizado, diferenciado do corpo, como sendo uma fonte de significação da própria vida. Assim, diferente do corpo, cultivamos a pretensão a eternidade de um eu narcisista e prepotente. Mas, independente de toda representação possível, o corpo se impõe como lugar de acontecimento e mortalidade. Ele nos acontece independente das convicções. Morremos... não há nada que se possa fazer sobre isso.

Além disso, tendemos a considerar o corpo como uma coisa homogênea, como uma totalidade sistema, na sua condição de organismo vivo. Mas o corpo é mais do que isso. Ele é multiplicidade de órgãos, funções, moléculas sempre em relação a um meio ambiente, é uma dinâmica que se estabelece entre um dentro e um fora. Ele é feito de contradições, de interseções e diversidades que extrapolam qualquer dualismo simplista como mente e corpo ou  sujeito e objeto. Ele é um transito constante de substancias, de organismos e processos. Não é definido pela consciência, pela razão ou qualquer coisa que possa ser deduzida da fórmula homem.

Precisamos de novas ferramentas teóricas para traduzir o corpo como experiência, como um complexo campo de força integrado a um meio ambiente natural e culturalmente estabelecido.

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