O passar inofensivo do tempo
contem tudo aquilo que nos anula.
Não falo apenas do simples
morrer, do corpo desfeito ou do existir cancelado.
Refiro-me ao quanto tudo que nos
acontece é perecível e, justamente por isso, carece de existência plena.
A existência paradoxalmente pouco
existe e depende sempre de redefinições inspiradas pelos vazios que
silenciosamente habitam entre as coisas. Este vazio é o próprio tempo que, na
verdade não passa, mas permanece, é constante, na nulidade que expressa o pleno
acontecer das coisas que quase existem.
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