quarta-feira, 18 de maio de 2016

NOTA SOBRE O MEDO DA MORTE E O MORRER

Na sociedade contemporânea a morte é cada vez mais um fenômeno de caráter público e impessoal, mediado pelos profissionais de saúde. Ela é cada vez menos representada como um acontecimento subjetivo e irracional. Salvo no caso da fatalidade de um grave acidente, tendemos a morrer em hospitais e não no espaço privado de nosso lar entre aqueles que participam de nossas vidas.

Há no imaginário social contemporâneo uma tendência a recusa da morte e da doença em  função de um ideal de saúde e vida saudável  como norma social. Assim, tendemos a ignorar qualquer manifestação associada ao mundo de thanatos. Mesmo cientes de que, independente de nossos esforços, seremos  confrontados, em algum momento, com nossa própria  finitude ou daqueles que amamos. Podemos abraçar o engodo de qualquer representação de uma existência pós morte. Mas nenhuma fé é capaz de eliminar o medo da morte ou a dor causada pela perda de um ente querido.

Evitamos pensar sobre o assunto... Tentamos ser felizes. Mas isso obviamente não elimina a morte.  Convivemos com ela diariamente, seu silêncio nos habita. O medo da morte não pode ser superado. Diria que nem deve ser... Ao contrário, precisamos aprender a lidar com tal fobia, integra-la em nossa consciência de mundo.

  

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