sexta-feira, 28 de julho de 2017

ESCUTE O SILÊNCIO

Ilusão, eu sei,
Imaginar solução,
Querer alguma explicação....
Nada é o que parece nesta dada realidade.

O mundo não funciona
E todas as verdades estão erradas.

Meus atos seguem a margem da história
Pois o tempo sempre reserva ao silencio
A palavra final sobre tudo.


A VIRTUDE DA INEXISTÊNCIA

Seja por covardia ou por simples indiferença, não vejo qualquer sentido em me afirmar no mundo, em ter prestigio social e me fazer imortal na memória de todos.
Tenho apenas minha finitude e, depois da minha morte, não importará o que foi minha vida. Será indiferente.
Eis a grande vantagem da não existência:
A felicidade do nada e do silêncio.




SOBRE O INÚTIL DE TODA SABEDORIA

Abdiquei do encanto das palavras,
Queimei a biblioteca
E esqueci toda a História da Humanidade.

Existirei por inercia,
Em silencio.
Nada tem importância.

Todo conhecimento humano
Um dia será apagado,
Mesmo que daqui a mil anos.

Nada escapa ao tempo e ao esquecimento.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

DEVIR E INCERTEZA

A vida muda o tempo todo, mas nunca se torna diferente daquilo que ela é: uma constante incerteza e fluir das coisas através da consciência. Tudo o mais é um jogo de linguagem que aos poucos envelhece. As significações mudam na constância perene de nossa banal  existência. Tudo termina sempre em silêncios...


segunda-feira, 24 de julho de 2017

A DITADURA DA BIOLOGIA

A Humanidade existe apenas como espécie. Não há como libertar o meu eu deste acontecer coletivo  que é nossa condição biológica.  Pois este eu que me cria como uma presença é mero exemplo desta condição impessoal que é minha própria condição humana. O que eu sou é o que todos somos. Mesmo quando me considero como singularidade sei que replico comportamentos  socialmente estabelecidos, mesmo que  especificamente codificados a minha experiência biográfica.


Mesmo assim, só existem indivíduos, mas sua existência é mediada pelo impessoal de seu comportamento mais elementar, pela apropriação simbólica do mundo e de outros indivíduos. Deste modo, se existem apenas indivíduos, eles existem como espécie, como “humanidade”.  A morte de um não compromete, por exemplo, o viver dos outros, mas é até mesmo um de seus pressupostos.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

NÃO SER

A vida nem sabe que eu vivo.
Mesmo assim penso que existo.
Como se a existência
Não fosse um delírio de consciência.
Um auto engano
Do um organismo vivo

Ignorante de sua própria inconsistência.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

DEFININDO A FELICIDADE

A única felicidade possível é estar provisoriamente em um ponto cego entre um dia e o outro. Em outras palavras, a felicidade está em algum canto da madrugada.  Ela  se confunde com o ato impreciso de se acomodar no silêncio e fazer algo pequeno e prazeroso.

A felicidade é algum tipo de prazer efêmero, algo que nos afasta das obrigações cotidianas. Seria ingênuo esperar dela mais do que isso. 

Um estado de euforia ou satisfação permanente é tão impossível quanto manter o corpo saudável o tempo todo. Estes provisórios momentos de solidão e ócio é tudo que podemos esperar de felicidade.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

IMANÊNCIA E NADIFICAÇÃO

Quanto mais me acostumo a finitude como meta da existência, mais me sinto plenamente vivo, mais me perco no horizonte  do agora.

 Permanentemente aberto a experiência do real, existo em perplexidade e maravilha.  Isso faz toda diferença. Pois a vida é um constante se perder de tudo. Nada é mais profundo do que o efêmero e gratuito ato que não busca a memória, mas o fato bruto de acontecer no mundo.

Existir é ser nas coisas menos que o nada de um pensamento, é um misturar-se a experiência  de tudo como devir.

Viver é estar em constante desaparecimento através das coisas....

ESTAGNAÇÃO FATAL

Viver é efêmero,
Perene
E impreciso.
Não se fixe nesta
Ou naquela
Certeza de realidade.
Tudo é fluido,
Movimento
E indeterminação,
Até que a morte
Torne tudo estático

E definitivo.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

O FIM COMO PROCESSO

O fim é um processo e não um ponto ao findar de um caminho. Ele é uma presença que nos consome aos poucos, como uma doença fatal.

O fim é a experiência de um estado terminal que nos inventa, ou descontroi. Pouco a pouco nos distanciamos de nós mesmos, nos inviabilizamos.

E isso está sempre acontecendo em nossas vidas, seja de forma provisória ou definitiva.


segunda-feira, 10 de julho de 2017

DESFUNCIONALIDADES BANAIS




Tentar manter as aparências enquanto se dilacera por dentro.... É o que temos que fazer diante daquele mal estar inerente ao cotidiano exercício do efêmero e do banal.  Nossas rotinas denunciam a vida como precariedade, como um incômodo rito social onde temos escolhas limitadas por todas as circunstancias da sociedade.

A grande maioria das pessoas vive internamente alguns conflitos internos e alguma dificuldade para adaptar-se as circunstâncias de sua própria vida. Mas não leva as ultimas consequências suas inquietações. Viver rupturas é sempre uma alternativa indigesta e  recusada. Há sempre um certo conservadorismo em nossas ações, uma necessidade de manter o ritmo natural do devir de nossa própria existência,  do pequeno mundo domestico que lhe  proporciona significado. Mesmo quando não conseguimos nos adaptar a ele com algum sucesso.


DEPOIS DE AMANHÃ

Depois de amanhã pode ser
Que exista apenas um abismo,
Um grande nada esperando
Pela gente,
Contra todas as nossas urgências
E necessidades.
Tudo pode ser simples e silencioso,
Depois de amanhã.
Pois nada  vale a pena
Neste grande absurdo

De nossa expressão humana.

MEU ÍNTIMO NÃO SER

Não sou este destino
Ou esta vida
Que se fez rotina.
Nem mesmo sou este rosto,
Esta ansiedade.
Quase não me percebo
Em meu corpo,
Em imanência e busca de saciedade.
Não estou em todas as coisas que me definem.
Não me encontro, não me procuro.
Sou espanto.


O PRIMADO DO NÃO SER

A “nadificação” nos define a vida como acidente, a existência como  nonsense e a morte como destino. O Ser não é um propósito, nenhuma solução. Mas um momento do não ser. Ele é o que realmente importa, como um anti deus desde sempre negado por todas as mitologias e filosofias. Mas é onde tudo que acontece deixa de acontecer. Nada é mais natural e banal do que o não ser. Há um infinito de possibilidades não realizadas, muito maiores do que tudo aquilo que existiu, existe ou ainda pode existir. 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

CONFISSÕES ANTI HUMANISTAS

Qualquer coisa que eu possa dizer sobre as especificidades e subjetividade da minha existência são irrelevantes. Não fazem qualquer diferença  para os outros e, em certa medida, até para mim mesmo.

Todo o meu passado, o que fiz ou senti hoje,   representa  menos do  que um grão de areia no grande mar da vida humana. É preciso que isso seja verbalizado contra todas as minhas tendência a auto promoção e confiança no livre arbítrio do meu ego.


Isso não significa, entretanto, qualquer capitulação frente a realidade coletiva e os imperativos da espécie humana neste grande teatro biológico que é a vida na Terra. Pelo contrário, expressa um profundo ceticismo sobre a importância da História enquanto expressão do devir do Homem no tempo.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

EXÍLIO HOSPITALAR

Chega mesmo uma hora
Em que tudo que importa
É continuar vivo
Contra todos os limites da existência.
Certas circunstancias desfavoráveis
Tornam a sobrevivência
O único motivo que temos
Para suportar o mundo e o momento.
Tal impasse é um fato  cotidiano
Entre as paredes dos hospitais

Invisível a cada um de nós.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

INACABADO

Tudo em mim é provisório,
Instável e um pouco abstrato.        
Tenho apenas um momento
Onde a vida acontece
Como devir,
Incerteza e aposta.         ,
Acumulo esquecimentos,
Memórias e silêncios.

Estou condenado ao inacabamento.