sexta-feira, 18 de outubro de 2019

TEMPO E ESQUECIMENTO


“O tempo é um rio formado pelos eventos, uma torrente impetuosa. Mas se avista lima coisa, já foi arrebatada e outra se lhe segue, que será carregada por sua vez.”
Marco Aurélio in Meditações

Fiz o inventário provisório dos meus esquecimentos. Soube um vazio intenso povoado por  esgotamentos e sucatas, pela memoria quebrada dos mortos, pelos restos degradados de momentos perdidos e pleos vestígios de muitos futuros abortados.
O efêmero do sempre agora é um infinito impossível que se multiplica a cada novo acontecimento. Ele é o eterno imperfeito em sua durabilidade, em seu perpetuo vir a ser onde tudo que se repete já é metamorfose, uma outra versão de si. Não a identidade, tudo é simulacro, superfície. Tudo que é se perde em silencio e esquecimento. Tudo é perecível.


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