segunda-feira, 30 de março de 2015

NOVÍSSIMO PESSIMISMO


Quebraram-se algumas certezas,
Algumas verdades de bolso
E sobrevivência diária.

Caiu por terra algum bom modo
De ver as coisas,
De saber os dias.

Uma dúvida reinventou
Medos e inseguranças
Renovando a convicção antiga
Do quanto
O mundo vem se tornando
Cada vez mais imperfeito

Em Nossa  lúcida melancolia.

domingo, 29 de março de 2015

SOBRE VONTADE E FINITUDE

Eu nunca esperei levar aquela vidinha idiota e confortável que todo mundo aceita ou deseja.

Nunca quis seguir o fluxo da multidão. Sei que pago um preço alto por sucumbir aos caprichos e exigências de minha vontade selvagem. Mas não me imagino diferente desta porra toda que me define me debatendo contra as rotinas e as pessoas a minha volta.


Quando você valoriza sua vontade, seu desejo, o mundo e os outros se tornam uma matéria estúpida e insípida. Você aprende a fazer da vida um dialogo com sua condição humana através da certeza da morte e da finitude como fundamento de tudo aquilo que lhe é possível.  

sexta-feira, 27 de março de 2015

MORTE E INSIGNIFICÂNCIA

É obvio dizer que a vida é algo frágil e perene. que ela não dura mais do que um simples e insignificante momento, e que é a consciência da morte deveria orientar o acontecer da vida de cada um.

Entretanto, vivemos, ao contrário, em uma cultura que valoriza a vida de modo realmente irracional e a converte em um valor supremo e unilateral.

Pessoalmente, penso na morte praticamente o tempo todo.
Sei que não fará qualquer diferença tudo aquilo que vivi depois que eu morrer.


Talvez já não o faça hoje enquanto aconteço entre milhões e milhões de outros humanos.

quinta-feira, 26 de março de 2015

PIOR CENÁRIO POSSÍVEL

Ninguém esquece um dia ruim. Quando a noite chega ele ecoa no corpo. Deixa a gente pesado como se fosse uma espécie de mal estar físico.

A capacidade de pensar e sentir as coisas, também é afetada e temos a sensação estranha de que tudo acontece em câmera lenta.

Mas o pior é aquela sensação de impotência, aquele se sentir pequeno diante dos fatos que nos obrigam a seguir o roteiro de um acontecer em infortúnio que parece que jamais terá fim.
Tudo fica fora do lugar ... A existência parece que virou outra coisa na lucidez agônica de nossas limitações mais humanas.


Tudo ficar pior quando não conseguimos se quer nos render ao desespero. Quando não somos  capazes de chorar, de gritar expressando todo o nosso descontentamento com aquele acontecer danificado que ofuscou a própria vida.

segunda-feira, 23 de março de 2015

DECADENTISMO

O mundo em que vivia
Afundou no tempo.
Vivo hoje entre as sombras
Do agora
E os fantasmas de minha memória.
Praticamente não existo.
Minhas mãos estão vazias,
Meus olhos quase não enxergam
E meu coração já não ama.
Sou hoje apenas o resto
Da minha própria sombra.


MORTE COTIDIANA

Estou pesado de mim mesmo.
Carente de janelas e portas abertas.
Faminto de ilusões de poesia,
Tardes de domingos e festas.

Estou pesado de tanto cotidiano,
Destas rotinas vazias
Nas quais todos os dias
Enterramos indiferentes
Nossas próprias vidas.



domingo, 22 de março de 2015

ACEITANDO A FINITUDE

Muitas vezes mergulho no passado durante o sono para fugir ao futuro e esquecer o presente.

O consumado da felicidade é algo pronto e acabado e, depois de certa idade, não há muito o que esperar dos dias. Não quero viver mais do que o necessário, mais do que minha solidão e insatisfação com as rotinas permite.

Tudo tem sempre um ponto final e isso não faz parte de nenhum plano. Não tem qualquer propósito. Meu existir é só um arranjo provisório de moléculas que percorrem o universo. Um dia todos os meus átomos se livrarão de mim.


É preciso viver a vida em preto e branco. Não se deixar distrair pelas cores alegres de certezas mágicas e ser levado pela embriaguez do momento, pelo consolo de qualquer ilusão de boa nova e efêmera alegria.

sábado, 21 de março de 2015

POEMAS INACABADOS

A morte não cabe em um segundo.
Não dura o tempo suficiente
Para a consciência de um susto.
Fiz estes versos
Dentro de um sonho.
Acordei antes de acabar o poema.
Talver eu morra um dia

Antes de determinar outro.

sexta-feira, 20 de março de 2015

SUICIDADO PELA SOCIEDADE

Um velho solitário e bêbado
Se matou com um tiro
No peito.
Foi assassinado pelos seus
Próprios desejos.
Percebeu que a vida
Era algo que não tinha jeito.
Todos que ele conhecia
Eram escravos
Dos seus defeitos.
Seus desejos exigiam

Um mundo menos imperfeito.

O TEMPO E A MORTE

Tudo é incerto e provisório.
Vidas prontas e acabadas
Estão todas esquecidas em um cemitério.
Mas o agora é oco e relativo.
O tempo é apenas
A  ilusão de que ainda existimos.


quarta-feira, 18 de março de 2015

HUMANIDADE E FINITUDE

Não esperava da vida nada diferente da maçada deste dia.
Não esperava nada.
Não tinha qualquer pretensão.
Muito mal sustentava o próprio rosto.
Era consumido pelo vazio das coisas
E de si mesmo.
Não se importava com o mundo
E com as pessoas.
Seu único ofício era suportar o dia seguinte
E o peso de sua mortalidade.


MORTE EM VIDA

Faz muito tempo
Que a vida deixou de viver,
Que os dias ficaram perdidos no tempo
E me esqueci do acontecer do mundo.
Mas não tive a decisão e a coragem dos suicidas.
Suportei o inútil da minha vida
Tempo demais
Me matando aos poucos

Com a simples realidade.

terça-feira, 17 de março de 2015

ÚLTIMOS INSTANTES DE UM MORIBUNDO

Eu já não pensava mais no dia seguinte.
Sabia que não havia mais futuro.
Apenas esperava a hora
Que poria fim ao próprio tempo
E odiava estar tão lucido
Em minha agonia.
Pensava nas pessoas da minha vida,
Todo o meu passado parecia mais nítido
E vivo
Do que aquele silêncio que cada vez mais

Me pesava nos olhos...

segunda-feira, 16 de março de 2015

VIVER NÃO SIGNIFICA NADA


Nunca entendi direito porque as pessoas valorizam tanto a vida.
Para mim, ao contrário, viver nunca significou grande coisa.
Você nasce, com um pouco de sorte, passa algumas décadas de século se preocupando e fazendo coisas idiotas e fúteis  até o dia em que você morre. Só isso.

Tudo vai continuar a mesma merda sem você depois que você deixar de existir. O mundo acontecia antes de você e vai continuar acontecendo depois de você.


A grande verdade é que sua vida não significa nada. Você apenas replica a espécie humana e isso não te paz especial.

domingo, 15 de março de 2015

O SILÊNCIO DO DESESPERO

Algo muito errado
Aconteceu agora
Entre a palavra e o punho.
Mas é impossível de dizer
O que sinto...
A gramática falha
Diante do estranho dos sentimentos
E do amoecer dos pensamentos.
O desespero não pode ser dito.
Pois transcende qualquer descrição possível.


terça-feira, 10 de março de 2015

DIÁRIO DE UM ENFERMO

Não me acordem cedo
Pela manhã.
Deixem que me perca
No quase túmulo deste leito
Entre o delírio e o sono.
Não me digam  as horas.
Quero ver o dia morto
E esquecido naquela janela fechada,
Não me surpreender aqui
Novamente,
Morrendo aos poucos
Enquanto o tempo passa.


quarta-feira, 4 de março de 2015

ESPERANDO A MORTE

Já é muito tarde.
Ninguém lá fora espera.
por mim.
As pessoas perseguem vazias e distantes
O próprio rabo
Inventando o cotidiano.

Não faço parte dos  seus planos.
Estou aqui
Apenas  esperando a morte.
Não esperem que eu me explique
Ou justifique minhas inércias.

Estou aqui, apenas,

Esperando a morte...

terça-feira, 3 de março de 2015

SOBRE O TEATRO DO MUNDO


A vida é feito de artifícios e silêncios, personas e performances, como se o mundo fosse um grande teatro de vontades e vaidades. É como se a vida fosse uma tragédia Shakespeare. Apenas a morte esclarece a miséria das coisas humanas e o vazio de propósito de nossos empenhos mais caros. Ao final, vencerá sempre o sono e o cansaço.

Mas sigamos em frente embriagados pelo nada! Escolhemos entre cartas marcadas! Dançamos sobre o abismo!! Assim, até agora, nos fartamos da existência....  

segunda-feira, 2 de março de 2015

PENSANDO SOBRE A MINHA MORTE

As vezes fico curioso quanto a ilusória hipótese de poder adivinhar como serão minhas últimas horas de vida. Saber de antemão quais serão meus últimos pensamentos e sentimentos,  minhas ultimas ações  e ansiedades diante do fato de meu iminente desaparecimento.


Talvez isso não mudasse nada em relação aos meus atos de tempo presente ou leituras do passado.  Mas me permitiria uma  consciência mais sincera de mim mesmo, dos meus limites e frustrações. Mas, pensando na direção contrária, o fato é que morrer muda tudo aquilo que achamos cotidianamente da vida. Mesmo que a gente siga cotidianamente pelas paisagens da existência fingindo que somos eternos.