segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

SOBRE TRAGEDIAS E LUTO

Diante de uma tragédia envolvendo a morte de centenas, o luto social revela não apenas a perplexidade que nos causa à fatalidade da morte, mas também nossa incapacidade de aceitar a fragilidade de nossa condição humana.

É contraditória a forma como socialmente lidamos com o luto coletivo, com a celebração da memoria daqueles que perdemos prematuramente  em acidentes.  No fundo não aceitamos uma premissa elementar da existência: viver é um fato aleatório que a qualquer momento pode findar sem qualquer razão. Uma simples coincidência desfavorável de eventos  pode ocasionar uma morte estupida. Estamos todos sujeitos a isso. Mas é saudável não pensar nisso e levar a vida como se sempre existisse um amanhã diante de nós. Ao mesmo tempo, entretanto,  também é importante relativizar nossas estratégias de existência traçadas a partir de uma perspectiva egoica e voltada para realização plena de nossas personas. De tanto vivermos em função de nossa adaptação a sociedade, muitas vezes abdicamos da experiência simples e gratuita de mergulharmos profundamente no superficial e raso de cada momento. 

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