Diante de uma tragédia envolvendo
a morte de centenas, o luto social revela não apenas a perplexidade que nos
causa à fatalidade da morte, mas também nossa incapacidade de aceitar a
fragilidade de nossa condição humana.
É contraditória a forma como socialmente lidamos
com o luto coletivo, com a celebração da memoria daqueles que perdemos
prematuramente em acidentes. No fundo não aceitamos uma premissa elementar
da existência: viver é um fato aleatório que a qualquer momento pode findar sem
qualquer razão. Uma simples coincidência desfavorável de eventos pode ocasionar uma morte estupida. Estamos
todos sujeitos a isso. Mas é saudável não pensar nisso e levar a vida como se
sempre existisse um amanhã diante de nós. Ao mesmo tempo, entretanto, também é importante relativizar nossas estratégias
de existência traçadas a partir de uma perspectiva egoica e voltada para
realização plena de nossas personas. De tanto vivermos em função de nossa
adaptação a sociedade, muitas vezes abdicamos da experiência simples e gratuita
de mergulharmos profundamente no superficial e raso de cada momento.
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