A miséria de
nossa condição humana, em sua dimensão mais elementar, torna-se evidente na
conversão da presença do corpo vivo a inercia de um cadáver, que assim é reduzido ao status de “coisa”
. O esvaziamento de suas representações, sua conversão à condição de objeto, é
sempre impactante como manifestação mais concreta da experiência da morte e do
morrer.
O morrer nos
rasga toda significação da existência, toda valoração da vida, pondo ao rés do chão
todas as falsas virtudes da vida. Convém esclarecer, que a morte não é,
evidentemente, uma experiência individual, mas coletiva. Ela diz respeito a espécie,
a própria vida como fenômeno natural e complexo.
O desconforto que
nos arrebata na presença de um cadáver ou de imagens ilustrando as etapas de
sua decomposição, é mais do que uma reação instintiva irracional, é o confronto
direto como todas as nossas belas ilusões sobre nossa existência e condição de
viventes. Principalmente em uma sociedade que higienizou a doença e a morte
através da religião e do espaço hospitalar , que lhe recusou qualquer
visibilidade ou realidade social.
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