quinta-feira, 30 de maio de 2019

A MARCA DA MORTE


Nossa caducidade,
Nossa fragilidade,
Nossa necessidade,
Nossa angústia,
Nossa vontade
E perplexidade domada por uma consciência mansa....
Tudo isso constitui nossa certidão de Nascimento,
Nossa marca de vida e de morte,
Nosso devir,
Nossa vocação para ausência.

terça-feira, 28 de maio de 2019

O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Sofremos o mundo contemporâneo.
Somos vítimas da falência humana,
Da miséria de nossas vidas.

O possível não nos basta.
Ele não nos conforma mais
A  falsa ordem das coisas.
É quase insuportável.

Seguimos a deriva.
Nada significa.
A vida não esta viva.
Existir é apenas definhar e morrer,
sofrer o tempo...

sábado, 25 de maio de 2019

PORQUE EXISTIMOS?

Existimos pela necessidade da espécie. Sua sobrevivência sustenta o caos coletivo, o desenvolvimento e ruína das civilizações.


Existimos para morrer depois de consumidos pelas falsas urgências de uma cultura, de uma determinada época.
Existimos para não ser....

O ERRO DA VIDA

Nada de especial acontece quando uma vida acaba. Do mesmo modo, o inicio de uma existencia não tem qualquer relevância para natureza.
Acima do nascimento e da morte,paradoxalmente, a vida segue replicando a si mesma. Talvez ela tente sempre de novo corrigir-se, superar seu fracasso, sua vocação para a morte, através de cada novo nascimento.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O NIILISTA QUE HÁ EM NÓS

Todo ser humano está condenado à confrontar-se com o nada. Seja através da morte daqueles que ama, seja através do confronto com sua própria mortalidade. Por isso há um niilista dentro de cada um de nós. Ele se pronuncia contundentemente por intermédio de nossas angústias,  sofrimentos e questionamentos.

LEMBRANÇAS DE CEMITÉRIO


Quase todos os dias penso nos meus mortos. Minha vida era outra quando eles estavam vivos. A existência era mais autentica, real. Eu era jovem. Tinha mesmo uma vida inteira pela frente.

Agora, o que tenho quando mal sei quem eu sou?

A saudade dos mortos é um aprendizado de finitude, um modo de questionar a própria vida, a brutalidade de sua falta de sentido, e a melancolia que nos envelhece, quando tudo que nos resta é um álbum de fotografias.


A ILUSÃO DO SEMPRE


Vivemos sob o signo da atualidade do sempre.
O agora é absoluto. Mesmo nunca sendo idêntico a si mesmo.
Mas a ilusão do perpetuo, do dia seguinte, sustenta nossas ações.

Somos demasiadamente crédulos no futuro,
No resultado de nossas ações.

Seres de memória, não reconhecemos a potencia do esquecimento,
A fatalidade do desaparecimento de tudo aquilo que nos estabelece a realidade.

Vivemos como se tudo fosse para sempre.
Mas para sempre é sempre tarde demais....

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A EQUIVALÊNCIA ENTRE ESQUECIMENTO E MEMÓRIA


O esquecimento é o território dos mortos, assim como a memória é domínio precário dos vivos. Soberano é apenas o silêncio.

A imateriaridade do acontecimento e a materialidade do fato não perduram nunca. Vida e morte são grandezas equivalentes. As ações humanas são perenes e devoradas pelo tempo. Não importa o quanto você valoriza o efeito deste determinado momento presente como experiência pessoal, ele nada significa.


A TELA EM BRANCO

Descrevo o mundo como uma infinita tela em branco onde cada um vê o que lhe parece mais conveniente. 

Mas a tela é muda e ignora as cores e formas que lhe são impostas. 

Quando morremos nos confundimos com a tela.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

MINHA CASA


O  sol atrapalha o céu.
A terra nos consome.
Mas tudo que me interessa
Habita essa casa.

Não me importa se o tempo passa,
Se vou morrer amanhã.
Hoje ainda estou vivo
Estendido entre o dia e a noite
Com os dois pés bem firmes no chão.

Tenho muito o que fazer
E também não fazer.
Tenho coisas a esquecer,
Pessoas para amar.

Apesar do sol e da terra
Existo nessa casa.
Sou seu ultimo morador.
Não quero ir embora.

EXISTO!
Mesmo que não seja para sempre.
importa agora que eu existo.

A EXPERIÊNCIA DO EFÊMERO




Nem de longe consigo imaginar a eternidade
Ou o correr dos séculos.
Meus atos não sobrevivem a uma tarde sol.
São tão efêmeros quanto a fumaça do meu cigarro.

Tudo tem um fim.
A durabilidade da memória
Não tem qualquer realidade.
É pura fantasia dos que tentam fugir ao efêmero,
A inconstância que define todas as coisas.

Mas existir é  um fluxo sem sentido de impermanências.


sábado, 18 de maio de 2019

O TEMPO É NOSSO ASSASSINO

Apenas as crianças sonham com o futuro.
Os adultos o lamentam.
Sabem que o tempo é seu inimigo
E a memória uma maldição.

Não há nada pior do que o passar dos anos.
Pois o tempo é nosso assassino
E o passado a testemunha ocular de um crime
.

NIILISMO POSITIVO


Nunca estarei certo
Sobre qualquer coisa.
Não serei escravo de opiniões.
A vida é quase ilegível,
Um equívoco interpretativo.
A morte desafia convicções
E não permite qualquer conclusão.

O ERRO COMO FUNDAMENTO

Os erros da vida fundaram nossas cotidianas certezas. A existência é a insistência provisória de um equívoco. Eis o que deveria ser o fundamento de uma filosofia da biologia contra a ilusão de verdade que herdamos da metafísica.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

COISAS PEQUENAS


Tudo que sou hoje há de apodrecer e se perder na terra. Por isso não me levo demasiadamente a sério, sou indiferente às questões urgentes do mundo, e nem dou mais importância a minha própria opinião do que ela merece.

Muitos vivem como se fossem eternos e como se o destino da humanidade dependesse deles. Definitivamente, não tenho tão desmedida pretensão. 

A vida não é para mim grande coisa. Por isso me ocupo do que é pequeno, do que me faz ser sempre criança através do simples cotidiano.

domingo, 12 de maio de 2019

O ENIGMA DO TEMPO

Pode parecer óbvio dizer que o tempo passa. Mas como não deduzir de tamanha banalidade, que tudo carece de substância?

Há algo de ilusório na concretude do agora, na insistência do ser. Há uma insuficiência na existência. Tudo perece para continuar a ser. 

Que coisa louca é o tempo. Sua aritimética é uma subtração e só faz sentido através da memória. O tempo é coisa que não se apreende.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A QUEDA


A existência é a mais triste das quedas. Ela nos faz prisioneiros de um chão movediço que cedo ou tarde há de nos engolir. Em outras palavras, a vertigem do chão é a própria queda. A vida é uma queda. Não há nada a fazer quanto a isso. Caímos através do tempo até que o próprio cair desapareça no abismo do passado.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

MORTE E DIALÉTICA


Deslocado da vida,
Do eu e do acaso,
Posso finalmente escutar
O outro que fala em mim.
Posso saber seu desejo
Que me contraria a vontade
Em meio ao impasse
De ser o eu e o outro.
Qual de nós persiste?
Quem definitivamente é?
Por um segundo percebo
Entre nós um terceiro,
Um clandestino,
Que possui a indiferença de um assassino.
Sei que a morte é o destino de ser.
Mas quem é esse que morre em mim?
Quem é aquele que não sou
E não me diz o outro?

segunda-feira, 6 de maio de 2019

INDETERMINAÇÃO EXISTENCIAL

Não sou nada.
Mas em tudo que vejo,
Toco e faço,
Sou um mundo inteiro.
Estou contido naquilo que me transcende.

Uma criança que acaba de nascer,
Do outro lado do mundo,
Contém um pouco de mim.

O PARADOXO DA VIDA

O grande paradoxo da vida é que tudo que existe está destinado a desaparecer. Isso porque o próprio tempo não existe. Existir é uma ilusão que se propaga através de arranjos e rearranjos sempre provisórios da matéria. 

Tudo que é manifesto é uma brincadeira de pequeninas partículas que se misturam e se separam como inocentes crianças brincando de múltiplas cirandas.

Não há consciência ou teleologia no lúdico e despretensioso acontecer da natureza. Tudo é afeto circulante perpassando o múltiplo.

domingo, 5 de maio de 2019

MORTE E MELANCOLIA

A tristeza mata aos poucos.
Não há como conviver com o insuportável,
Com a falta, o luto, a dor e a perda.
Não há futuro onde grita o passado,
Onde é impossível esquecer.
O agora não importa.
A tristeza mata aos poucos.
Não há como sobreviver.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

SOBRE O TEMPO

O tempo é corpo, ato, memória, esquecimento e retorno. 
É sobretudo corpo, matéria em movimento.

O tempo não é vida, muito menos processo. Ele não tem forma,  é sem alma.  Tem gosto de morte e dele depende nossa sorte.

O tempo é agonia.

MORTE, EU E NATUREZA


Minha existência não passa de um ponto incerto no tempo. É justamente função de sua micro definição que sustenta sua indeterminação, sua plasticidade. Fechada em si mesma, minha existência replica a vida humana como variação quase infinita da natureza através da perpetuação da espécie.  

Por tudo isso a morte nada deveria significar para mim. Entretanto, contrariando a natureza, sou inadequado a minha própria finitude.

A NOSTALGIA MATA....


Há muitas maneiras de cortejar a morte.

Posso viver o passado como um braço arrancado, quando a experiência do presente nada me oferece de bom.
Posso, assim, me perder de vez de qualquer futuro, fugir a realidade, fazendo do ontem o que virá depois.

Isso acontece com muita gente... e elas estão todas morrendo com uma rapidez assustadora.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

FILOSOFIA DO SILÊNCIO

A vida guarda zonas de silêncio. Diante do envelhecimento e da morte, por exemplo,  constantemente nos defrontamos com elas e experimentarmos angústias.

Nem tudo podemos dominar pela palavra. A brutalidade da existência as vezes ganha formas intensas desafiando o dizível e o pensável.

Muitas vezes o silêncio ( que é diferente do mudismo) é apenas a franca expressão do vazio, do irracional, que aleatoriamente, define todo acontecimento.

É sempre conveniente explorar o silêncio contra todas as nossas certezas e convicções.