A intensidade do medo possui um tipologia simples: a repulsa e o temor. Dando dos exemplos
bem simples, possuo medo (repulsa) por ratos, cobras ou baratas, de um modo
diferente daquele que tenho medo de um assaltante armado ou de andar de avião. Se
em ambos os casos experimentamos situações de absoluta insegurança e pânico,
eles apresentam conteúdos diferentes.
Repulsa e temor
são as duas medidas do medo. Mesmo que nos clássicos do terror busque-se
geralmente aproximar os dois através do conceito de monstruoso. Na vida real o
medo, entretanto, não é tão ideal. Ter
medo é sempre uma desmedida, um descontrole. Trata-se de um estado afetivo que
remete mais a um sentimento de ameaça do que propriamente de perigo, como
normalmente tendemos acreditar. Afinal, uma barata não representa um perigo
realmente real, o que não diminui o medo.
De forma geral nós
desnaturarizamos o medo. Já não se trata mais de um mecanismo biológico ou
instintivo de defesa. O medo se tornou um estado de ansiedade vinculado a
alguma grandeza impessoal, uma ameaça ao ego.
Não pretendo
aqui estabelecer algum tipo de hipótese cientifica. Trata-se mais de uma
especulação filosófica ou existencial onde parto apenas da simples constatação
de que o medo mudou. Não temos medo da mesma forma que outros animais. Nos
seres humanos o medo tornou-se fobia, uma patologia que põe em cheque a relação
com o mundo enquanto uma grandeza psicológica que sempre ameaça nos engolir. Pode-se
ter medo (fobia) de palhaços ou de gatos. Existe até mesmo a fobofobia, que é o medo de
ter medo. Ainda estamos falando sobre repulsa e temor como duas formas
distintas, mesmo que comunicantes, de
experimentar o medo.
O medo é, em
termos humanos o oposto de relações de poder. Ele é um estado de total impotência
em relação a algo ou alguém.
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