segunda-feira, 16 de julho de 2018

LIVRES CONSIDERAÇÕES SOBRE O MEDO




A intensidade do medo possui um tipologia simples: a repulsa e o temor. Dando dos exemplos bem simples, possuo medo (repulsa) por ratos, cobras ou baratas, de um modo diferente daquele que tenho medo de um assaltante armado ou de andar de avião. Se em ambos os casos experimentamos situações de absoluta insegurança e pânico, eles apresentam conteúdos diferentes.

Repulsa e temor são as duas medidas do medo. Mesmo que nos clássicos do terror busque-se geralmente aproximar os dois através do conceito de monstruoso. Na vida real o medo, entretanto, não é tão ideal.  Ter medo é sempre uma desmedida, um descontrole. Trata-se de um estado afetivo que remete mais a um sentimento de ameaça do que propriamente de perigo, como normalmente tendemos acreditar. Afinal, uma barata não representa um perigo realmente real, o que não diminui o medo.

De forma geral nós desnaturarizamos o medo. Já não se trata mais de um mecanismo biológico ou instintivo de defesa. O medo se tornou um estado de ansiedade vinculado a alguma grandeza impessoal, uma ameaça ao ego.

Não pretendo aqui estabelecer algum tipo de hipótese cientifica. Trata-se mais de uma especulação filosófica ou existencial onde parto apenas da simples constatação de que o medo mudou. Não temos medo da mesma forma que outros animais. Nos seres humanos o medo tornou-se fobia, uma patologia que põe em cheque a relação com o mundo enquanto uma grandeza psicológica que sempre ameaça nos engolir. Pode-se ter medo (fobia) de palhaços ou de gatos.  Existe até mesmo a fobofobia, que é o medo de ter medo. Ainda estamos falando sobre repulsa e temor como duas formas distintas, mesmo que comunicantes,  de experimentar o medo.

O medo é, em termos humanos o oposto de relações de poder. Ele é um estado de total impotência em relação a algo ou alguém.  


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