terça-feira, 29 de dezembro de 2015

QUANDO EU MORRER QUERO SER VINHO

Quando eu não ser,
Quando eu morrer,
Sejam todos por mim,
Ah, meus amigos!
Revivam e vivam
O possível e o impossível
Dos meus curtos dias.
Não tenham limites,
Não sejam brandos ou sensatos.
Façam de mim uma tempestade viva

Como o efeito de muitas garrafas de vinho.

MATURIDADE

Depois de certa idade tendemos a projetar o melhor da vida no passado.
Não que fossemos realmente mais felizes antes.
Apenas nos tornamos mais complexos e menos ingênuos diante da existência.
Já não somos capazes de enxergar as coisas de modo simples,
Sofrer generosamente as experiências cotidianas
Apostando sempre nas melhores possibilidades.
Com o tempo sentimos o peso de nossa finitude
E a inutilidade  das realidades e afazeres cotidianos.
Aprendemos que podemos esperar muito pouco de tudo.

E tentamos nos conformar com isso.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

INCERTO ANO NOVO

Os anos passam dentro da gente
Enquanto o mundo segue seu rumo,
Desgovernado e incerto
Em direção ao eterno presente
De nossos desejos e angustias.
As ansiedades esclarecem o futuro
Que nunca chega e espreita
O passado como quimera.
Quem diz onde o ano termina
Quando minha vida não cabe no calendário?
Bem sei que não haverá ano novo.
Apenas o dia seguinte de sempre,
Carente de novidades
Que não seja o se perder das coisas

Através do tempo que nos devora.

domingo, 27 de dezembro de 2015

FIM DE ANO, QUASE FIM DE TUDO



A todos os mortos
Que um dia celebraram
 O fim do ano
Deixo aqui minha agonia
de ano novo,
minha intuição de limite,
minha consciência de finitude,
a saudade de todos aqueles
que perdi.

MORTE E ESQUECIMENTO

Não posso prever o quanto serei lembrado
E como , aos poucos, serei  esquecido,
Até desaparecer da memória dos outros
Como se nunca tivesse existido.
Mas este é para todos
O mais certo destino.
Somos soterrados pelo tempo.
existir é apenas um desencontro,
um descuido do nada absoluto.
Morrer é como a correção de um erro.
De nada adianta lutar contra isso....

A morte é o eu nos define.

sábado, 19 de dezembro de 2015

A MENTIRA DA VIDA

Preciso contar um segredo:
Eu não existo.
Desde o meu nascimento
Já estou morto.
Tudo que faço e digo
Não passa de sombra
Da minha fundamental inexistência.
Não se espante.
Todos nós não existimos.
Isso tudo que chamam de vida

É uma mentira.

O PASSAR DAS COISAS

Os anos passaram,
Muitos morreram,
Os lugares mudaram
E tudo aquilo que era cotidiano
E certo
É  agora um sonho distante.

Qualquer ato humano
É insignificante....
No passar incessante de todas as coisas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A SUICIDA


 Aquela garota me ensinou
Qualquer agonia,
Qualquer desatino de ser,
antes de morrer.


Tudo era impossível
no seu existir sem sentido.

Seus olhos diziam suicídio
contra uma vida sempre adiada.
E todos sabiam que iria morrer.

Bastava falhar um quase
para consumar a tragédia.

Aquela garota me ensinou
que tudo na vida
é uma questão de quase...








quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

ACEITEM O FATO: VAMOS TODOS MORRER!

Sabe o que realmente esta errado com a vida?!!!
O simples  fato de que as pessoas vivem
Como se não fossem morrer um dia.

Uma dieta de ideia de morte torna as coisas mais autênticas,
Os seres humanos menos perversas
Ou, simplesmente, menos estragados
Pela ideia de vitalidade e sucesso.

As pessoas não prestam!
Possuem  uma instintiva necessidade
De acreditar em alguma mentira de felicidade....

Mas todos vivem como mortos vivos.

AOS QUE NÃO NASCERAM....




Tenho inveja  de todos aqueles que não nasceram.  Afinal, a vida não é um valor, é um fardo, algo quase maldito. Não me venham falar de deuses ou de ordens metafísicas. A vida é um absurdo do acaso. Apenas isso.

Bem afortunados são os inacidos. E eles se quer sabem disso...

DESISTÊNCIAS

Na vida aprendemos a desistir de uma série de coisas para simplesmente seguir em frente. Acreditem: Nem sempre isso parece justo ou aceitável. Somos o resultado de muitas desistências, de inúmeras impossibilidades cristalizadas.

Somos as sobras de tudo aquilo que não fomos. 
E nunca somos a melhor versão possível de nós mesmos...


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

VIVER É UM TÉDIO


Não tenho medo da morte,
Mas do que me acontece enquanto estou vivo.
Eis aqui o que importa.
Mais absurdo que morrer
É viver como um imbecil
Em meio a idiotas
Que nunca souberam o que é viver.

Viver é um tédio...

Como escapar disso?

A MORTE COMEÇA NO QUE NUNCA NOS FOI POSSÍVEL

Nossa pessoal experiência de morrer é parte de muita coisa que se perdeu da gente, de muito do que não possível, do que não conseguimos e desapareceu da gente para nos fazer do possível deste rosto que agora se encara perplexo diante do espelho.
Morrer é um processo que pressupõe ausências, que soma o impossível a todo sentimento que nutrimos ingenuamente pela vida.

Morrer é o simples resultado de uma vida inútil e frustrante. E nada a fará diferente disso.
O morrer começa através de tudo aquilo que não nos foi possível.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

APRENDI A MORRER VIVENDO

A pior coisa que aprendi com a vida foi a inconstância das pessoas, a impossibilidade de estar verdadeiramente em intimidade com elas.

Não é uma questão de se decepcionar com os outros, mas de perceber aquilo em que nossa condição humana nos transformou. Não somos dignos de elogios.
A humanidade é uma merda só.

Mas precisamos confrontar nossos limites. Sangrar um pouco por dentro e aprender  a morrer dignamente....


A FILOSOFIA DE SE PERDER

Não me lembro do lugar mais distante de tudo que já consegui chegar.
Na verdade até hoje não consegui ir muito longe. Sempre estive a um passo disso,
De fugir para longe de tudo, sem a coragem de respirar fundo e  fugir.
É sempre saudável se perder de vez  enquanto em paisagens estranhas e exóticas.
Quanto mais longe vamos do que nos é familiar mais promissora a aventura.
Você pode dizer que eu não sei do que estou falando.
Mas aposto nisso...
Afinal todos vamos nos perder de vez algum dia, sem chance de volta.
Então é bom se perder em vida e ter a oportunidade de reaprender as coisas mais cotidianas.

Perder-se é para mim uma autêntica filosofia. Só os tolos se acostumam a sua zona de conforto.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

VAMOS MORRER

Fui totalmente engolido pelo passado.
Morri prematuramente de vazio de tempo presente.
Quero que assim conste em minha certidão de óbito.
Morrer é mergulhar na inconsciência do passado.
É tornar-se sombra dos vivos,
Destes que ainda resistem ao absurdo da vida.
Morrer é a  prorrogada solução dos sonhos.
Vamos morrer todos.
Voltar ao estado de não nascimento
E deixar de ser um brinquedo do tempo.
Vamos morrer meus amigos.

Vamos morrer.

domingo, 29 de novembro de 2015

A MISÉRIA DA CONSCIÊNCIA

Pessoas, coisas e lugares servem apenas como pano de fundo de nossa consciência intima da realidade. Mas tal consciência, em termos do que entendemos por realidade, não existe objetivamente.

Este é o maior paradoxo da condição humana, afirmamos uma objetividade que existe apenas em nossas cabeças.

Somos um corpo programado para se desfazer desde o nascimento,  somos entes essencialmente absurdos, mas definimos tudo em termos de  causas e efeitos, mesmo quando nossa própria razão nos diz o contrário.

A consciência, sua diferenciação da “inconsciência animal”, é quase um efeito colateral de nossa condição biológica.


sábado, 28 de novembro de 2015

A NATUREZA E A MORTE

A morte esta escrita em meu corpo
Desde o meu nascimento.
Por isso envelheço
No acumulo de erros em minhas células.
Pois  a evolução da espécie
Pressupõe a morte
Como um destino natural do organismo.

Tudo que sou é perecível.
Nada que posso  é indestrutível.
Há algo de sutilmente doloroso
Em estar vivo.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

SOMOS INSIGNIFICANTES INSTANTES

Somos pequenos instantes
De duvidosas existências.
O futuro para cada um de nós
Não existe.

Somos breves, provisórios
E indeterminados
Nesta vida que nos consome,
Não importa o tão concreta
Pareça ser a vida e os fatos.

Somos menos do que o ser
Que nos define viventes
E presentes no mundo.

Somos qualquer coisa
Próxima ao nada

Em um universo que nos ignora.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

PERPLEXIDADE

Entre a vontade e a preguiça
Escolhi a inércia, o tédio
E o fim da tarde.
Deixei a rotina na mesa do almoço
E fui sonhar com aqueles dias perfeitos
E desconhecidos da realidade.

Tentava me afogar no vento,
Aposentar toda verdade
E sumir do mundo
Pela eternidade de um segundo.

Apenas eu sabia
Que a razão estava louca.
Que nada  valia a pena,
Que a vida passa de pressa

E a gente morre em um estalo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

BANAL ANONIMATO

O menino que fui
Jaz morto dentro de mim,
Como tantas outras versões
De mim mesmo
Que o tempo me impôs.
O que sou agora,
É apenas a sobra de todas elas.
Sou o último esboço possível
Do ensaio humano  de eu provisório.
Não importa meu nome,
Meu rosto.
Não serei reconhecido pela multidão.
Não me dedicarão estatuas,
Nem me atribuirão qualquer personalidade.
Tudo aquilo que por mim foi vivido,

Não faz a mínima diferença.

domingo, 22 de novembro de 2015

LUTO FILOSÓFICO

Algum dia depois de hoje
Talvez eu me refaça da perda do mundo,
Da exaustão dos sentidos e significados
Que deveriam me definir a vida.
Talvez eu me refaça do nada,
Da consciência do absoluto vazio
Que nos define a existência.
Talvez eu exista ou siga em frente
Apesar desta febre suicida,
Desta abstrata ferida
Que me sangra por dentro
De cada palavra dita,

De cada emoção sentida.

sábado, 21 de novembro de 2015

O PESO DO TEMPO

Tenho tanto tédio
Que me deixo,
Me deito e tento
Não pensar em nada,
Não saber nada,
Escrito em uma existência
Quase sem vida.
Tudo em mim  acabou em silêncio,
Em aposta perdida.
O passado soterrou o futuro.
Meus entes queridos andam flertando
Com a morte.
Tudo que me define se perdeu da realidade.
Saudades  do tempo em que eu era jovem,
Suficientemente forte para resistir ao tempo.
Agora já não tenho amores,
Nem mesmo me reconheço em meu próprio rosto.
Afogo no tempo,

Indiferente a mim mesmo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

FILOSOFIA DA FINITUDE

Sou apenas este corpo perecível
E indiferente entre os outros.
Não pretendo outras existências,
Outros mundos, onde se perpetue
Minha consciência.
Fora isso,
Não sou se quer  aquilo que julgo
Ser meu próprio pensamento.
A vida é algo que não existe.
Não passa de um delírio coletivo

Que a morte esclarece.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A VIDA NÃO É NADA DAQUILO QUE TE ENSINARAM.....

Odeio a simples hipótese metafísica de uma vida após a morte pelo simples fato de que não suportaria a eternidade. A ideia de que tudo vai ter um fim me  tranquiliza. Não dá para suportar a hipótese de que levarei as últimas consequências o absurdo da humanidade por séculos a frio.

Morrer é definitivamente tranquilizador. A  vida eterna seria um erro que me levaria a um constante aperfeiçoamento esquizofrênico. Pensar nisso  me dá arrepios.

Eu realmente prefiro apostar que só existe esta vida e que devo tentar o melhor possível de mim através dela. Mesmo sabendo que este melhor possível muda conforme as épocas e sociedades.


Meu sentimento de nadificação da minha condição de mundo/indivíduo guarda mais realidades do que tudo aquilo que me ensinaram sobre o que deveria ser a vida ou sobre a História da Humanidade. 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

DESÂNIMO

Entre os vazios e os medos fui aos poucos descobrindo minhas ausências, redefinindo meus objetivos, reaprendendo minhas vontades, até o ponto em que deixei de ser possível.  

Já não me reconhecia. Não era mais eu ou outro e, entretanto, ainda não estava morto. A vida apenas havia deixado de ter realidade, as coisas haviam perdido a importância. Havia percebido que tudo tem fim e que o caminho... O caminho acaba e a gente, em algum momento fica sem ter como continuar. Passamos o tempo todo lutando contra isso.


Tudo que sei é que deveríamos levar as coisas menos a sério. Querer menos, nos importar menos... Nada vai nos levar a algum lugar.

domingo, 15 de novembro de 2015

TEMPOS SOMBRIOS

Mais uma tragédia,
Mais mortes precipitadas
Pelo absurdo que define
Tudo aquilo que ainda nos resta do mundo.
Não cabem  explicações, discursos e lutos coletivos.
Precisamos apenas  viver a  perplexidade,
O  estranhamento , o susto
E espanto
Diante do vazio de nossas certezas.
O tempo passa, as guerras mudam,
Mas a morte....

A morte é sempre a mesma.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SOBRE O TÉDIO

Buscava uma existência intensa.
Ignorava que a intensidade não se sustenta,
não aguenta a vida.
Na maior parte do tempo
somos prisioneiros do tédio
e escravos dos nossos silêncios.
Enterrados em  desinteressantes rotinas
seguimos de encontro ao nada
comovidos pelo embuste

que é a própria vida. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A POESIA DIANTE DA MORTE NA CONTEMPORÂNEIDADE

Afinal,  o que ainda é possível dizer sobre a poesia e os poetas?
A poesia se tornou uma arte banal, um tédio, definitivamente não anda bem das pernas.

Os poetas já não tem muito brilho. Andam por ai sempre tentando dizer alguma coisa boa quando habitamos um hospício de mundo e não temos mais coisas boas para viver. Acho que nunca tivemos.

Claro. Existem aqueles que se pretendem malditos e se ocupam com versos livres e tristes. Mas  são incapazes de dizer o agora de si mesmos, as nuanças de suas melancolias e a vaidade em seus punhos.

Pessoalmente, faço versos desdizendo a vida, as coisas, as pessoas, os sentimentos e, principalmente, toda possível ilusão de esperança.

Estamos destinados a morte. E é contra ela que escrevo.

Sei que quando se morre nos reduzimos a escrita, ao dito e ao feito gramatical.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

DEVIR, MORTE E REPRESENTAÇÃO DO MUNDO

O mundo só pode ser representado de modo humano quando adotamos como critério  de sua presença a finitude  através da qual ele se  inscreve no horizonte da morte, em que se apresenta como um devir constante de todas as coisas.

Não falo do morrer concreto e objetivo do humano, mas do morrer enquanto um processo de tornar-se outro, ou uma variação de si mesmo, que caracteriza todas as coisas através do tempo e do espaço.


Tal é o critério da consciência humana para estabelecer a realidade como manifesta presença de uma objetividade, de um mundo que nos envolve e faz parte dele.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

NADIFICAÇÃO

Em que pesem meus  míseros juízos,
minha precária lucidez
e as introjetadas mentiras de mundo
que me definem como ser social,
existo...
mesmo que desistindo a todo instante,
mesmo que provisório e impreciso.
Meus pés frequentam o impossível
e o fim retarda o ponto final

onde novamente me espera o  nada.

O NIVELAMENTO DA VIDA E DA MORTE

Não raramente  experimento o luto por estar vivo,
me sinto parte de um passado que não para de crescer.
É como se a própria existência fosse uma condição de morte,
um permanente estado  de desconstrução.

Poucos sabem que existo.
Sou visível para uma insignificante parcela de humanidade.
Para a grande maioria  sempre será
como se eu nunca tivesse existido.


A vida não é grande coisa...

domingo, 1 de novembro de 2015

INATIVIDADE

A rotinização da vida me faz amar o ócio,
O descaso comigo mesmo
E o prazer de me espreguiçar o dia inteiro
Sem  sair do lugar.

Já basta o peso das horas em sociedade,
A morte do tempo na mecânica dos atos
Pré fabricados.

Preciso  do relógio parado e do me esquecer um pouco,
Brincar de não ser, de não saber.

Por favor, mantenham a porta fechada.
Deixem o mundo se acabando lá fora
Que por aqui nada tenho a fazer
A não ser contemplar
O sem sentido do simplesmente

existir.

sábado, 31 de outubro de 2015

DIA DOS MORTOS






Lembro meus mortos no dia de finados sem imagina-los em qualquer outra parte além do abstrato da minha lembrança.  Nada me permite lembra-los de outra forma. Os mortos estão mortos. Não existe céu ou inferno. Viver não passa de um exercício estúpido, ingrato, e finito. Isso é tudo.

NÃO SE LEVE A SÉRIO

As pessoas estão sempre falando e buscando coisas que dão valor a vida. Seja religião, arte, conhecimento, amor ou , simplesmente, sobre a  falácia de buscar a si mesmo. Tentam de todas as formas fugir a incomoda consciência do vazio e da falta de sentido que define nossa condição humana.

Mas o que é a vida para nos animais humanos do que um instante insignificante de eternidade? A vida não é grande coisa. E a morte não existe para os mortos. È  apenas seu retorno a não existência  a qual sempre pertenceram. Existir não passa de um acidente.


Isso não deve nos tornar infelizes e melancólicos.  Apenas nos  ajuda a perceber o descabimento de nos levarmos tão a sério e sonharmos virtudes onde não há nada além de um absurdo acaso.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SONHO MORTO

Escrevi meus sonhos em uma parede imunda.
A chuva apagou seu registro
e o tempo levou o onírico, o dia
e o infinito
para o fundo do abismo
da minha mais obscura finitude.
Não me lembro daquele sonho,
nem sei mais a realidade

que me define a vida.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

TEMPO E AGONIA

Neste lugar onde piso
quantas memórias,
quanta vida perdida,
desaparecida na paisagem
em ruínas.

Muitos por aqui passaram,
habitaram dias e rotinas
e agora...
são menos que o nada.

Onde fica o passado que o presente abandona?
Sinto a agonia de quem jamais será novamente.
Sou o simples resto de alguns passados
neste estar constantemente em agonia
e vazio do tempo presente.

Alguém, por favor,
me diga como parar o tempo

antes que me seja tarde demais.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A FILOSOFIA DAS PEDRAS

Posso escutar as pedras,
seus gritos absurdos e antigos,
sua raiva inerte
contra o tempo e a existência.
Posso ser a revolta dura da natureza.
Posso gritar contra a vida.
Não tenho limites
e estou  acima das oposições,
do bem e do mal,
das falácias do universal.
Sou o  dissonante do grito
que rasga  como navalha
a carne da realidade.
Sou a finitude da pedra,
o absurdo personificado
sob os encantos da morte

como senhora do tempo.

domingo, 25 de outubro de 2015

A VIDA NÃO TEM SENTIDO

O sentido da vida é não ter sentido....
Quem nunca sentiu isso?
No final você não sai vivo dela
e isso não faz a mínima diferença.
Pois vamos do nada ao nada,
De um silêncio a outro
E nem percebemos
Que o tempo todo

Estamos apenas morrendo.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A BANALIDADE DA MINHA MORTE

Entre os vazios estendidos de um lado e outro
do meu destino
contemplo com realismo
o inevitável fim do caminho,
o silencio sobre mim instalado
e a indiferença do mundo
diante do meu cadáver.
Mal sabiam que eu vivia,
porque, então se importariam todos

com a banalidade da minha morte?

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ESPECULAÇÕES SOBRE A VIDA

Afinal, o que é uma vida inteira?
Quanto dura?
O que a faz inteira?
A existência, até onde sei,
é provisória,
constantemente inacabada,
um jogo impreciso entre sentido
e não sentido.
Um debater-se constante
contra o vazio,

que se vê, por fim, abatido pelo silêncio.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

SENHORA DO TEMPO



Não há razão que justifique a vida.
ela é acidental, ocasional
e insignificante.
Apenas respire
enquanto você pode.
Pois a morte é senhora do tempo.




terça-feira, 20 de outubro de 2015

A FINITUDE E IDENTIDADE

Só existo onde fico em silêncio
pois onde sou em palavras
apenas me faço banal e sem rosto
naquilo que me torna mundo.
Meu ideal é não pertencer
a coisas ou pessoas,
não viver de nenhuma moral
ou ideologia.
Não passo de um provisório arranjo
de partículas.
No meu pós futuro
quero ser lembrado pela finitude
que desde sempre me definiu.
quanto me esqueço

em um canto qualquer  da casa.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

SOBRE O TEMPO QUE PASSA

Enquanto os dias apodrecem
as noites ganham a forma
de sonhos arcaicos e vazios
que já não dizem nada
as urgências do amanhã.

O tempo passa mais que  depressa
entre os lapsos da madrugada.
Tropeça nas urgências
dos últimos colapsos
do vir a ser,
Exige respostas e ações imediatas.

A manhã nasce pesada,
urgente e apavorada.
Tento me abrigar sob os escombros
de uma esperança.
Mas já é tarde demais.

Gostaria de voltar atrás,
recomeçar do zero.
Mas já passa da hora
das apostas.

seguir em frente era tudo que restava. 

sábado, 17 de outubro de 2015

ROTINA DE HOSPITAL

Tudo que eu queria era voltar para casa.
Não gostava do hospital.
Parecia uma cadeia onde se joga
Os deserdados da existência.
Por lá  viver perde suas cores.
Alguns morrer e outros agonizam.
Os médicos só sabem administrar doenças
E os enfermeiros pouca paciência tem com os doentes.
Todo hospital é um lugar feio e angustiante.
A esperança morre aos poucos
Entrevada em seus leitos.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O PASSAR DAS COISAS

As coisas mudam dia após dia, mesmo quando a gente não percebe a gradativa decomposição dos fatos, o desfazer e refazer constante da existência em seus cenários físicos e paisagens humanas. Tudo vai se perdendo, se acabando. Nada é eterno.

É como se a existência, em sua totalidade, fosse uma agonia universal a fazer sofrer todas as coisas animadas  ou não. Talvez uma arvore ou uma pedra resistam mais as auguras do tempo. Mas ao final, também se perderão da existência.


Faz algumas horas a manhã era viva, agora a noite a todos nos envolve.  

terça-feira, 13 de outubro de 2015

EM DEFESA DA EUTANÁSIA

Sei que tenho uma vida a perder
Que se acaba  todos os dias.
Isso não faz sentido.
Mas assim funciona a realidade.
Então não me questionem
Quando  eu tentar contrariar os atos arbitrários
De nossa mera existência,
Pular em abismos
E levar as últimas consequências
O radical de minhas mais intimas vaidades.
Viver é pouco
E sou mais do que um louco ou um religioso.
Eu determino  e sei meu destino.
Defendo em casos extremos a beleza de uma eutanásia

Contra a lógica de ser uma mera sucata humana.

A MORTE COMO ELA É

Segundo certa tradição, a palavra cadáver originou-se da expressão latina “carne data vermibus” (carne dada aos vermes). Mas não se trata de uma genealogia muito confiável talvez se trate apenas de uma invenção tardia . A rigor cadáver significa apenas corpo morto, obsoleto. Assim se define pela ausência de algo que é a vida. Isto não significa que o corpo morto  é um “corpo sem alma”, sem força vital ou qualquer nome que o valha para melhor definir ao leitor a metafisica de uma essência individual não material. é muito mais natural pensa-lo como uma maquina quebrada.

A morte é o ponto final da vida. Apenas isto. É quando o cérebro para irreversivelmente de funcionar e o individuo, consequentemente, deixa de existir. Tudo que resta é um corpo inútil. Tal imagem parece inadmissível para os adeptos de crenças metafísicas que rejeitam, por simples desespero, a insignificância da vida do individuo frente  a vida da espécie. Mas nem todas as superstições do mundo são suficientes para consola-los quando perdem um ente querido ou quando se veem diante de risco de morte. Gostem ou não da ideia, a morte não pode ser domesticada por suas crenças ou ritos funcionários. Diante dela, nada mais faz diferença ...


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O ÚLTIMO SUSPIRO


Ninguém esperava por mim,
Como de costume.
Meu corpo exibia as marcas
Das lutas diárias,
Sofria os golpes do tempo.
Já não era o mesmo.
Deixava de ser qualquer coisa.
Eu via o sol se por
E não esperava a noite.
Afundava nos restos
Das minhas batalhas.

Finalmente havia me vencido.

SOBRE MORRER E DANÇAR


Morrer é um desencontro com a vida que você mal percebe que acontece a cada minuto do seu dia. Só saberá tarde demais que se perdia aos poucos de si mesmo a cada dia.

Quando as palavras fugirem a gramática será tarde demais para dizer seu desencanto, sua agonia serena de ter estado entre os vivos. Então brinda a noite que te devora. Caminha pelo jardim escuro.


Embriaga-te de vinho e dança. Dançar talvez seja tudo que nos resta...

domingo, 11 de outubro de 2015

LEMBRANÇAS DE JUVENTUDE

Sempre que lembro  minha juventude acabo me perguntando como, afinal, tudo chegou neste ponto. Antigamente eu era mais saudável e vivia protegido por ilusões sobre um mundo que dava certo e uma vida que era divertida. Agora, meu corpo já não é mesmo, muitas das pessoas que amei estão mortas e tudo parece mais complicado. Acho que é isso que chamam de maturidade.

Por isso tenho pena dos jovens. Eles ainda não fazem a mínima ideia do quanto a vida é injusta, de tudo aquilo que vão perder, do quanto sua juventude será estraçalhada pelo mero acontecer das coisas e no final, tudo que se pode fazer, é torcer para que o “resto” de suas vidas seja suportável.


PONTO MORTO

Gostava de fins de semana e feriados para ficar trancado dentro de casa  enterrado na cama. Fazia de conta que não havia um  mundo lá fora. Era suficiente ficar ali deitado com meus pensamentos sentindo o passar do tempo e esperando a morte chegar de alguma forma.No fundo isso era tudo que nos permitia a vida... esperar a morte chegar enquanto fazemos coisas sem importância.

Nada dura para sempre... Na maior parte do tempo apenas acumulamos tempo morto em nossos mecânicos e cotidianos atos de simples sobrevivência. Por isso vivia de pequenas desesperanças.


sábado, 10 de outubro de 2015

CONDIÇÃO HUMANA E FINITUDE

O desmedido de nossa fragilidade humana é uma constatação que decora o envelhecimento. É preciso perder pessoas, seu próprio mundo e sentir-se inteiramente um corpo cheio de limites e dores para entender o quanto a vida é uma aventura ingrata e a existência imperfeita e errática.

Não cultivo ilusões sobre o futuro. Ele não passa de uma abstrata representação do devir e do desabrigo ao qual estamos condenados. Apenas a morte define o futuro. Logo, ele me inquieta mais do que entusiasma. O futuro não é um caminho, é um abismo onde aprendemos a queda.


O fim esclarece a vida através da qual sujamos o existir da espécie.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O VAZIO DOS MEUS EUS

Todo o meu passado se resume a algumas poucas lembranças,
a associações vagas de situações e coisas
que me permitem ter apenas
uma rasa noção de mim mesmo.
Tento seguir meus próprios rastros,
chegar a alguma conclusão sobre o vivido.
Mas há um de mim para cada circunstância.
Sou a sobra de muitos eus,

o resto de algumas infâncias.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

VAMOS TODOS MORRER UM DIA....

Estamos todos em busca de uma coisa tosca que não existe. Dão o nome de futuro. Mas o único futuro é a morte. Estou de saco cheio das pessoas que vivem para o absurdo de suas vidas como se ela fizesse sentido, como se fosse importante. Isso torna muita gente insuportável. A maioria das pessoas vivem  como quem não morrem. Que vidinha estúpida elas realizam.
Que gente tosca sustenta o mundo e a realidade?

Da minha parte, apenas respiro enquanto me é possível.

OS MORTOS QUE MORAM EM MIM

Aquela pessoa ali fora
Lembrou algum dos meus mortos.
Não me perguntem porque
Ou como.
Apenas achei familiar o seu rosto,
Seu jeito de olhar.
Algum eco de passado
Gritou ali
Rasgando uma saudade dentro de mim.
Sei que é tolice.
Isso passa.
Mas lembro sempre dos mortos
Que vivem dentro de mim.


terça-feira, 6 de outubro de 2015

O TRÁGICO DESTINO DE UMA FLOR

Um dia serei como uma flor que caiu do galho
Indiferente ao jardim.
Mas  ainda haverão plantas e flores.
Ninguém sentirá falta de mim.
Não faz diferença
Se o outono é a morte da primavera.
O que importa é que sempre teremos primaveras.
Além disso, uma flor
É igual a todas as flores.

É muito triste ser uma flor.

domingo, 4 de outubro de 2015

TUDO ESTÁ SEMPRE DESAPARECENDO

Em termos temporais a mudança significa pura e simplesmente que algo que existia já não existe mais.  E tal transição da realidade ao virtual definido pela memória de algo que já não existe é a mais angustiante percepção que temos da realidade.
Estamos acumulando ruínas enquanto sofremos a existência e a finitude como  fundamento elementar de nossa própria condição humana.

Tudo está desaparecendo o tempo todo. Exatamente enquanto escrevo estas palavras agora um pouco de mim se esvai.


O fato de tudo isso ser algo obvio, não nos impede de viver nossas vidas como se fossemos eternos, como se nossos atos se perpetuassem e , de algum modo, todos os nossos eitos possuíssem pungente realidade. Mas isso não é verdade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

INTIMA DESCONTRUÇÃO

As certezas vão diminuindo com o avançar da idade e vou me afastando das minhas convicções mais íntimas. Sinto que as rotinas vão se tornando transparentes e irreais,  que pouco importo a realidade, que o dia seguinte não faz diferença.

Não me levem a sério, não me considerem. Sou apenas mais uma vida que passa. Não tenho nada a acrescentar a esta vertiginosa confusão humana que nos define.

Apenas sigo adiante carente de mim mesmo...


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

DEFEITO EXISTENCIAL

Não sei bem o  defeito,
Mas não faço segredo.
Minha existência vai mal das pernas.
quase já não me acontece.
Sempre aquela mesma rotina mecânica,
aquele vazio no peito
e uma agonia que não sei dizer.
Acreditem,
Estou esperando o pior.
Ela me parece cada vez mais distante,

as vezes se quer me reconhece.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

MORTE E DEVIR

O devir corrompe o  estendido momento que define uma vida.
Rouba da gente o tempo e as coisas,
Toma de volta tudo aquilo que nos oferta,
Reduzindo a vida a um constante ato de auto destruição.
A perda, afinal, é a mãe de toda transformação
E o devir seu filho predileto.
Mas nada há a ser feito.
Aos seus caprichos estamos todos desde sempre condenados.
Apenas a perpétua inércia da morte pode superá-lo.


domingo, 27 de setembro de 2015

ANONIMATO HISTÓRICO

Sou sustentado pelo vazio da vontade de seguir em frente,
Pela simples inércia de continuar respirando.
Não espero amores, sucesso ou boas novas.
Existir é um exercício trágico para cada indivíduo
Que se percebe perene e  descartável
Neste grande teatro de atores sem rosto
Que é a história da humanidade.
Amanhã?... Não me pergunte.
Outros viverão minhas dores e questões
Sem saber  que um dia eu existi.

Isso é tudo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

É SEMPRE TARDE DEMAIS PARA A FELICIDADE

Esta noite me visitaram
Na solidão do quarto
Alguns fantasmas da infância,
Algumas saudades,
Vontades perdidas
E possibilidades que me passaram em branco.
Esta noite estive chorando em silêncio
Deitado abaixo de mim mesmo.
A felicidade habitava em meu passado,
Mas só agora a descobri ali distante,
Apartada de mim para sempre
Apertada como lembrança

Dentro do meu peito.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

VAZIO E EXISTÊNCIA

Existir é um constante
aprendizado de ausências,
um  acumular  de vazios
e distrações.
Deve-se ser, portanto,
 ser despretensioso em relação a tudo.
Nada é digno de real interesse
ou atenção.
Apenas deixe em paz
o se fazer das coisas.
Não interfira.
Ocupe-se exclusivamente
do seu próprio umbigo.
Você vai morrer um dia...

E isso é  tudo.

QUALQUER DIFERENÇA....

Não faria qualquer diferença caso eu fosse outra pessoa.
 A vida não nos observa o rosto.
Somos para ela todos iguais,
Do mesmo modo que a morte nos  ocorre
Sem privilégios.
No fundo tudo é pura ilusão,
Fantasia vazia
Que nos conduz do nada
Ao nada.

Não faria qualquer diferença...