Enquanto eu sigo
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
O SER DO NÃO SER DO MEU TEMPO
O tempo passa e acontece
Enquanto eu sigo
Enquanto eu sigo
Sendo e não sendo,
Enquanto a vida muda
e me mata,
e tudo fica por acontecer.
Um dia serei esquecimento.
E dirão que meu tempo
nunca aconteceu.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
BIOGRAFIAS
Todas as biografias são banais,
desinteressantes,
triviais,
como a vida que vivo
e me cala
na realização de um silêncio
a ser consumado pelo esquecimento.
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
SEM SENTIDO
A vida cotidiana
É repetição, tédio
E desgaste.
O tempo passa vazio
E sem sentido
Através dos fatos sem alma.
Nenhum momento nos oferece
Um segundo de autenticidade.
Apenas compartilhamos diariamente
Nossa mediocridade
Enquanto envelhecemos e morremos.
Tudo que somos é um acontecer
Sem sentido.
BEM VIVER
Não me apavora a agonia do
futuro,
O tédio do tempo presente
E a nostalgia de tantos passados.
O tempo é apenas
A maior ilusão da vida.
Me invento,
Enquanto ainda respiro,
Como se morrer fosse incerto.
Faço de conta que o momento de
agora
É absoluto.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
TODO FIM DE ANO
Todo fim de ano guarda uma tristeza,
Um gosto de inacabamento e um sentimento de perda.
Há sempre o não sentido de uma angústia,
Um gosto amargo de passar de tempo
E uma inquietude de tocar o futuro
Sem grandes projetos de existência.
Todo fim de ano é o equivalente de um grito
Contra a banalidade que nos consome.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
FIM
Quando se foge da própria fuga
Já não há mais para onde ir.
Não há se quer motivo para fugir,
Pois o medo foi consumado
E superado
No esperado acontecimento do fato.
Ou seja, acabou.
É o fim.
Tudo terminado...
Silêncio...
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
SOBRE O NÃO SENTIDO DAS OPINIÕES
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
VIDA SOCIAL
Enquanto era vivo
Poucos buscavam sua companhia
E sabiam sua existência dentro
dos dias.
Agora que está morto
É como se nunca houvesse
existido.
Pois existir é relativo.
Poucos existem além da
passividade do rebanho.
Viver não é o mesmo que estar
vivo.
É um modo de existir socialmente,
De ser ativamente dentro do
coletivo.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
CAVALEIRO
Indiferente ao mundo,
Sigo meu caminho
Como quem sabe o túmulo
Como destino.
Sofro o tempo, os outros
E o silêncio
Como quem já partiu.
Nada me aborrece.
Não nutro ilusões de futuros.
Vivo sem esperanças.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
DIANTE DA MORTE
Nunca morremos conforme nossas melhores
expectativas.
Não há imaginação que antecipe o último
minuto.
A morte nos cala todos os
discursos,
Significados, possibilidades e futuros.
Cala até mesmo a imaginação da
morte.
Pois o morrer não pode ser
verbalizado
E escapa inteiramente as
possibilidades do pensar.
A morte é selvagem e indomável
Na conclusão de tudo o que fomos.
Ela nos rouba até mesmo o dizer do próprio morrer.
Já que os mortos, afinal, nada
sabem sobre a morte.
É em torno deste absoluto silencio
que é morrer
Que tanto falamos sem nada ter realmente
a comunicar.quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
3X4 DE UM NIILISTA
Sou feito de vazios existenciais,
De silêncios e gritos
Que decoram o devir das coisas
Enquanto me desfaço
Rasgando meus próprios pedaços.
Não tenho qualquer ilusão de futuro.
Apenas sigo dentro do tempo
E através do nada,
Sem expectativas.
Minha vida é uma reunião caótica
De momentos desencontrados.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
O NIILISMO DENTRO DA FRASE
Dentro da frase mora um silêncio,
Um não sentido,
Que não pode ser escrito,
Mas sustenta seu significado.
Quando percebido ele quase apaga
o dizer da frase,
Confessa o niilismo do gesto
verbal
De brincar com enunciados.
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
MORTE E MEMÓRIA
A memória nega
a morte.
Vigora onde um
vazio insinua
A marca do
desaparecimento,
A falta e a ausência,
Que transforma os
sobreviventes.
Assim, os
mortos habitam os vivos
Como um eco,
Uma presença
Em perpetuação
banal
De um passado
comum
Que permanece
em movimento.
Parte do futuro é feito deste passado.
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
MORRER EM VIDA
Morrer em vida é
abdicar da experiência da imanência ou, pelo menos, recusa-la deliberadamente. Perdido,
então, o vinculo entre a consciência e a experiência imediata, a vida não vive.
Passa a acontecer no abstrato das valorações, das fantasias em torno do “deveria
ser” e dos pueris prazeres do ego que, de modo unilateral, inventa e impõe seus
próprios critérios de verdade e validação
do real.
Morrer em vida é
abdicar da imediaticidade do prazer sensual e irracional em função de qualquer
abstração racional e egocêntrica de verdade. Para muitos, a vaidade do deveria
ser importa mais do que a própria existência.
APRENDENDO A ARTE DE VIVER
Tenho aprendido
uma rotina de resistências. Seja em relação ao mundo ou, simplesmente, a mim
mesmo. Persigo um ideal simples: existir em um ponto intermediário entre a
representação e a vontade, entre o pensamento e o corpo. Quero me tornar, deste modo,
um objeto de meu sentimento de vida e existência, esculpindo a imagem selvagem
de ser em qualquer sensibilidade estética de mundo e realidade. Viver para mim é movimento e arte na vocação para o não ser.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
INSIGNIFICÂNCIA
Reduzido a
banalidade deste existir animal, o que mais posso esperar a não ser me perceber
como um ponto no meio de uma linha de nada?
Definitivamente,
qualquer eternidade seria uma grande perda de tempo, a perpetuação sem sentido deste
vazio que sou eu. Um eu equivalente a milhares de outros eus espalhados pelo
mundo, que surgem e desaparecem continuamente.
DIAS E NOITES
Alguns dias são
de sombras,
Outros são de
luzes.
Ambos se
dissipam em noites escuras,
Sombras e
sonhos os ultrapassam
Enquanto o
tempo segue selvagem,
Alheio aos
passos simples das horas.
Pois é sempre
agora.
Tudo é
movimento.
Curta é a distância
entre a meia noite
E a aurora.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
sábado, 18 de novembro de 2017
QUASE DETERMINISMO
O finito jogo de possibilidades que nos define cada época da vida, de forma alguma pode ser entendido como escolhas. Mas como potencialidades pré determinadas de desenvolvimento. Somos reféns de nosso ponto de partida. Há sempre condições e premissas. Somos o que podemos ser subordinados às condições externas de nossa existência. Estamos sempre condicionados à determinado ambiente social e cultural que estabelece de antemão nosso vir a ser. Fazemos escolhas, mas elas não nos transformam em qualquer coisa diferente do que fomos condicionados à realizar. Ninguém escolhe morrer. Vivemos, ao contrário, como se fôssemos eternos. Mas morremos contra toda as expectativas que a vida nos leva a ter. Isto se aplica a tudo que nos acontece. Somos como jogadores sem direito a escolher o jogo. Mas agimos como se as regras não existissem para fugir a angustia provocada por tais condicionamentos. Seja como for, nada será um dia da forma que poderia ser segundo nossas mais banais idealizações. A vida é o que é: uma experiência limitada e frustrante carente de qualquer propósito. Assim sendo, apenas viva. Não crie expectativas ou alimente ansiedades. Nossos desejos nos limitam.
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
TÉDIO
Durante a maior
parte do tempo
Sou acometido
pelo tédio
De estar vivo.
Tudo é maçada,
Inútil rotina
E vazio
existencial.
Viver não é lá
grande coisa.
É banal, inútil
E profundamente
trivial.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
FANTASMAS
Se a morte é
essencialmente ausência, tudo que podemos oferecer aos nossos mortos o consolo
de nossa lembrança. O afeto nos leva a livra-los da fatalidade do esquecimento,
mesmo que de modo insuficiente e precário. A lembrança se converte em uma forma
de vaga presença, de companhia que nos habita a imaginação. Assim, participamos
da morte dos outros oferecendo uma parcela de nossa própria vida.
sábado, 11 de novembro de 2017
TEMOS UM PASSADO
Temos um passado que cresce enquanto gradativamente o futuro desaparece do nosso horizonte.
Temos um passado que nos define.
A maior parte do tempo presente
É feito de lembranças.
É através delas que realmente existimos
Depois de certa idade.
Temos um passado que nos define.
A maior parte do tempo presente
É feito de lembranças.
É através delas que realmente existimos
Depois de certa idade.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
AUTO RETRATO DE UM NIILISTA
Sou um ninguém habitando um rosto
entre estranhos. Julgo-me mesmo relativamente invisível ao mundo nesta formal e
irrelevante existência numérica. Não sou de qualquer forma importante. Apenas
um consumidor de coisas inúteis, como outro qualquer, seguindo as tendências do seu tempo. Involuntariamente
contribuo para perpetuação da grande comedia humana. Mesmo que sobre protestos.
Tudo que me define é a
indeterminação niilista de uma consciência perplexa.
ESCRAVOS DO TEMPO
Somos todos escravos do tempo
Existindo na contra mão da vida
Através desta finitude
Que nos define como indivíduos.
Existindo na contra mão da vida
Através desta finitude
Que nos define como indivíduos.
Somos todos menos que nada
Delirando infinitos
Através do espaço
Adivinhando mitos.
Delirando infinitos
Através do espaço
Adivinhando mitos.
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
A VIDA COMO PERPLEXIDADE
Aquilo que não pode ser reduzido
a palavra,
A memória,
Nem esgotado por qualquer ciência
Pois não se conforma ao fato.
Assim definiria sumariamente esta
coisa estranha
Que é estar vivo.
Tudo que compreende minha existência,
Aquilo que é dado e concreto,
Me causa espanto,
Inclusive isso que chamam
De consciência.
No fundo tudo se apresenta como
um sonho
Que exibiu algum defeito
E inventou, assim, a realidade.sábado, 4 de novembro de 2017
O LIVRO DA VIDA
O tempo escreveu a folha em branco da minha existência no livro da desventura humana. Repetiu o mesmo enredo sem sentido de sempre, afirmando a vida como um erro corrigido por um ponto final.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
CONSCIÊNCIA TRÁGICA
Uma consciência trágica da existência é aquela que nos reduz a finitude do corpo, ao tempo como topografia da imaginação da existência.
Imersos no devir do mundo como indeterminado acontecimento, inventamos nosso íntimo inacabamento atraves da aparente constancia dos dias e das noites que nos consomem.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
NÃO ACREDITE NA VIDA
Educados desde cedo para acreditar na vida, aprendemos a chorar sem motivo.
A vida, afinal, não faz o menor sentido. A sociedade nos mata aos poucos com o fanatismo desesperado de seu otimismo vazio.
Não há sabedoria fora do pessimismo, este delicado adorno niilista, que enfeita a testa dos descrentes.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
A INEXISTÊNCIA COMO PREMISSA DA EXISTÊNCIA
A vida se esconde da morte. Mas não pode nega-la como destino de tudo aquilo que existe.
Morrer é um conceito humano que não dá conta da morte em sua concretude fenomenológica. O que torna o existir quase um equívoco, um descuido, da natureza.
A vida escondida em si mesma realiza a morte. Pois está submetida ao princípio da inexistência.
A inexistência abarca de um modo estranho tudo aquilo que existe.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
O TEMPO E A VIDA
Considerando o tempo de uma
sociedade, todas as vidas são curtas, imperfeitas e ralas. Mas para um
individuo, uma década equivale a uma eternidade quando bem vivida. A morte torna
o tempo relativo. Os anos nunca são suficientes. Mas, ao mesmo tempo, que tédio
seria a eternidade.
Não há como medir o tempo de uma
vida, pois o que realmente importa é sua qualidade, sua significação através de
nossas experiências acumuladas. Quantos dias, afinal, não nos são inúteis na
contagem dos anos? A questão é saber
aproveitar o tempo. Não há receita. Cada um sabe o vazio a ser preenchido em
seus anos. Mesmo que passe a vida inteira tentando dominar seu próprio relógio,
fugir a rotina das horas domesticadas do correr mecânico dos dias.
APRENDA A MORRER
Não há alma
Que nos livre da morte.
Nenhuma eternidade
Nos substituirá o futuro.
Morrermos e pronto.
Que mal há nisso?
Morrer é tudo.
Não é mais absurdo
Do que o nascimento.
O corpo ensina a morte
Através do tempo.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
NIILISMO HOJE
Não me vejo hoje como o
caprichoso arquiteto de qualquer discurso novo sobre a existência. Já não vivemos tempos de grandes novidades,
mas de verdades recicladas, certezas requentadas e de um grande vazio existencial. Perdemos nossas
crenças no mundo, nossas ilusões de progresso. Mas ganhamos muito aprendendo a
duvidar de nós mesmos. Logo, me vejo como um niilista, um partidário da
hermenêutica do não sentido. Tudo que digo não me define.
NÃO EXISTÊNCIA
A não existência supera em muito
a existência. Mas não podemos aprecia-la, nem mesmo sofre-la, ao contrário da
vida. A não existência é o grande desafio e limite do pensamento. È algo que
não se sabe através de palavras. É, ao contrário, exatamente aquilo que nos
cala. Na maior parte do tempo não existimos. Existir é um acidente provisório a
ser corrigido pelo nada absoluto. Não se entusiasme demais com a vida. Não vale
a pena.
sábado, 21 de outubro de 2017
O INCONCILIÁVEL OU INEGOCIÁVEL DA MORTE
A morte possui uma intima relação
com o passado e com a memória. Ela sempre nos remete a lembrança de pessoas que
perdemos, de momentos que não voltam mais. Trata-se, entretanto, de uma
associação ilusória. Nossas lembranças remetem a vida que se foi, nada remetem
a morte, visto que ela é silêncio e desaparecimento. Tendemos a reduzir a
própria morte a representação da vida. Mesmo quando não lhe impomos a fantasia
de uma eternidade metafísica. A morte é
um conceito limite que transcende qualquer representação. Pode-se mesmo dizer
que ela é a ausência de representação e da própria linguagem. Trata-se de algo
que não pode ser definido em termos de consciência. Representar a morte é um
contra senso. Mesmo o falar sobre a morte é um dizer da vida.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
PALAVRAS ESCRITAS
As palavras escritas,
fixas no tempo,
não dizem a vida.
apenas o eco de uma existência,
de um momento,
que já não faz mais sentido.
As palavras escritas
apenas reinventam o silêncio.
fixas no tempo,
não dizem a vida.
apenas o eco de uma existência,
de um momento,
que já não faz mais sentido.
As palavras escritas
apenas reinventam o silêncio.
ESQUECIMENTO
Tudo aquilo que vivemos
está fadado ao esquecimento.
A memória cultiva fantasmas,
os ecos de tudo aquilo
que jamais será novamente.
Mas a existência que nos consome,
nos faz do nada ao nada
um monumento ao vazio perpétuo
contra os fatos e a memória.
nada será lembrado
nos abismos da eternidade.
está fadado ao esquecimento.
A memória cultiva fantasmas,
os ecos de tudo aquilo
que jamais será novamente.
Mas a existência que nos consome,
nos faz do nada ao nada
um monumento ao vazio perpétuo
contra os fatos e a memória.
nada será lembrado
nos abismos da eternidade.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
TESTEMUNHO DE UM CONFORMADO
Estava acostumado a sofrer os fatos,
A seguir sempre em frente,
Indiferente ao mundo
E as mazelas da realidade.
Eu era um conformado
Que como todos os outros
Habitava silêncios.
Seguia a vida comum
Em suas receitas coletivas
Sem grandes esperanças ou expectativas.
Eu era apenas um numero
Dentro de tantas estatísticas.
Eu era menos que nada.
O TEMPO PASSA ENQUANTO MORREMOS
A verdade é que o tempo passa,
A gente muda para continuar o mesmo
Enquanto o corpo definha
E a vida se esgota aos poucos.
Somos apenas animais dóceis
Seguindo o fluxo da sociedade.
Achamos que temos alguma dignidade,
Mas não somos nada em nossos atos.
A verdade é que o tempo passa
Consumindo nossas vidas inúteis.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
O INVISÍVEL DA DECOMPOSIÇÃO HUMANA
A saúde pública foi reduzida a
uma grande indústria que vive da iminência da morte, da fragilidade humana e da
progressiva decadência de nossos corpos. A saúde pública é hoje em dia um
grande pesadelo. Mas sua pior face fica escondida nos cotidianos dos hospitais. Ela é invisível e
nem merece a atenção mais crua dos jornais.
Mas neste exato instante em um
leito hospitalar a vida de muitos jaz reduzida a um pesadelo. É claro que não
pensamos sobre isso, mas nas promessas de felicidade nas propagandas de cerveja
ou de creme dental. A decomposição humana nos é um fenômeno quase invisível.
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
O CORPO HUMANO
O corpo humano é tudo que nos
define,
Seja como vivos,
Seja como mortos.
No primeiro caso
Como presença,
No segundo como ausência.
O fato é que tudo é e acontece
No corpo.PORTA VOZ DA ANGUSTIA
Não temo propriamente a morte.
Meu receio é constatar diante de sua iminência que a vida não foi tudo aquilo
que poderia ter sido. É esta perda de
mim mesmo no tempo vivido que me apavora todos os dias. É contra a nadificação
cotidiana do mimetismo social que me insurjo como porta voz da angustia. Uma
angustia que de tão minha é de todos
nós.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
MUDANÇA
Não espere que nada mude a sua
vida. O tempo passa e as coisas simplesmente acontecem, apesar das tantas
coisas que você faz para se sentir no controle da situação. Uma hora tudo fica
diferente porque, simplesmente, não há como continuar como está. As situações
se degradam, as pessoas envelhecem, os lugares mudam. Mas você nem se dá conta
disso direito, até que envelhece e se torna um trapo, um resto de si mesmo.
Não espere que nada mude a sua vida,
pois ela muda o tempo todo... até desaparecer.
COMO EU EXISTO
Tudo que para mim existe em
concretude é o efêmero e o perene acontecer tacanho da vida cotidiana. As
pessoas que amei, os lugares que frequentei, são todo o meu mundo e toda
verdade que me oferece a humanidade. E tudo cabe em menos de um segundo de
eternidade... Tudo é menos que nada. Eis a desmedida do mais elementar absurdo!
Existo no acontecer pequeno deste mínimo que me ultrapassa...
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
MEUS SENTIMENTOS
Meus sentimentos estão gastos,
Me afastam de tudo que existe
Ensinando o nada
Como meta e caminho
Contra a realidade.
Por isso sigo em silêncio
Indiferente a tudo.
Sei que todas as coisas
Dispensam valor,
Que todos os dias
Ocorrem em um só momento
Onde tudo se perde,
Onde nada acontece
E a vida se faz ilegível
Em sua essencial perenidade.
No fim tudo acaba em
esquecimento.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
A VAIDADE É UMA QUIMERA
“Sem nossas dúvidas
sobre nós mesmos, nosso ceticismo seria letra morta, inquietude convencional,
doutrina filosófica”
Emil Cioran
A vaidade ou a valoração irracional de si mesmo, em decorrência da simples existência, é uma fantasia saudável. Precisamos cultivar alguma auto imagem que imponha sentido a realidade vivida. Precisamos acreditar que somos social e pessoalmente importantes. Sem isso não seria possível suportar a existência. Todavia, tal afirmação de si mesmo, não deve ser maior do que a consciência de nossa finitude, de nossa nadificação. Deve-se sempre saber o devir da existência como um paradoxo entre o sentido e o não sentido. A boa consciência de nossas experiências depende sempre de algum grau de miopia.
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
SUSTO
Não tenho a ridícula pretensão
De impor a existência
Qualquer explicação.
A vida é apenas um grande susto.
Um susto que nos consome.
Todos os meus dias
São como um grito
E não há muito
A dizer sobre isso.
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
UMA DOSE DE NIILISMO
O que hoje se coloca como meta
para os espíritos críticos é a construção de uma estética do não sentido. É
preciso desconfiar de todos os enunciados e banalizar todos os discursos.
Não é mais possível levar a sério
as criações da imaginação humana. Seja no plano moral, filosófico, existencial
e até mesmo cientifico. Somos criaturas ocas que se tomam por semi deuses.
Tudo que é humano me é cada vez mais estranho e despido de qualquer
valor. A existência não passa de uma mansa agonia, de um nada que conduz a
nada.
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
O NÃO SER DO SER
Precisava muito de um minuto sem tempo, fora de mim e do mundo, vazio de tudo e pleno dos absurdos que me definem na impessoalidade de signos e símbolos....
Precisava não ser por um impreciso segundo para suportar a fantasia de ser....
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
A ESPERA DO FIM
Vivemos da imaginação da catástrofe,
Da sua eterna iminência.
Apenas um fim proporciona significado
Aquilo que não faz sentido.
Nisso se resume a insólita experiência
Da nossa existência....
DESENCANTO
Chega sempre uma hora em que a
existência simplesmente perde o sentido. É quando nos surpreendemos fartos da
rotina, do destino e de tudo aquilo que ficou para depois. Nesta hora, diante
do espelho, nos surpreendemos medíocres, limitados e frustrados. Simplesmente,
não valeu a pena levantar da cama. As pálidas paisagens da existência não
encantam, nada oferecem de interessante. No fundo, o mundo inteiro é uma grande
piada, uma perda de tempo. Um dia você morre e tudo acaba sem se quer um ponto
final. Não há conclusão. A vida é isso: um correr atrás do próprio rabo.
terça-feira, 12 de setembro de 2017
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
BREVIÁRIO DE DECOMPOSIÇÃO
Breviário de Decomposição ( 1949)
foi o primeiro livro do romeno Emil Cioran escrito em francês. Não apresenta,
ainda, a elegante angustia de seus Silogismos da Amargura ( 1952), mas sua repercussão à época contribuiu decisivamente
para estabelecer o autor como um dos mais singulares intelectuais europeus do pós
guerra.
O Breviário lembra, em estilo e
temática, lembra uma obra anterior, Das
Lágrimas e dos Santos (1937), que nos oferece
uma espécie de “teologia negativa” ou uma “mística do desespero”.
O niilismo de Cioran tinha à época,
como pano de fundo a barbárie de duas guerras mundiais e a sombra por ela
projetada sobre qualquer futuro possível à civilização ocidental. Não é,
portanto, insólita sua retórica anti humanista, seu desprezo pela condição
humana, pela cultura e a civilização.
Para ele, todo sistema de crenças
nos conduz da logica a epilepsia, a própria
existência é um fato insano e ilegível .
Como ele mesmo afirma em seu
Breviário,
“ A vida, acesso de loucura que sacode a matéria... respiro: é o
bastante para que me enclausurem. Incapaz de alcançar as claridades da morte;
rastejo na sombra dos dias, e ainda existo somente pela vontade de deixar de
existir.”
Por isso, é natural afirmar a
vida, este intervalo que nos separa do cadáver, como uma ferida. O ser humano é
um animal sem porvir empurrado para o rebanho como um fantasma de si mesmo. Eis
o que resta em meio ao grande cemitério de todas as formulações e invenções frívolas
das civilizações.
terça-feira, 5 de setembro de 2017
SOBREVIVÊNCIA
Não tenho a intenção de dar
certo.
Basta conseguir permanecer vivo
Por um longo tempo.
O resto, definitivamente,
Não importa.
Sigo em silêncio
Através do
gritar do mundo.
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