sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O SER DO NÃO SER DO MEU TEMPO


O tempo passa e acontece 
Enquanto eu sigo
Sendo e não sendo,
Enquanto a vida muda
e me mata,
e tudo fica por acontecer.

Um dia serei esquecimento.
E dirão que meu tempo
nunca aconteceu.




quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

BIOGRAFIAS

Todas as biografias são banais,
desinteressantes,
triviais,
como a vida que vivo
e me cala
na realização de um silêncio
a ser consumado pelo esquecimento. 


 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017



SEM SENTIDO

A vida cotidiana
É repetição, tédio
E desgaste.

O tempo passa vazio
E sem sentido
Através dos fatos sem alma.

Nenhum momento nos oferece
Um segundo de autenticidade.

Apenas compartilhamos diariamente
Nossa mediocridade
Enquanto envelhecemos e morremos.

Tudo que somos é um acontecer
Sem sentido.


BEM VIVER


Não me apavora a agonia do futuro,
O tédio do tempo presente
E a nostalgia de tantos passados.

O tempo é apenas
A maior ilusão da vida.

Me invento,
Enquanto ainda respiro,
Como se morrer fosse incerto.

Faço de conta que o momento de agora
É absoluto.


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

TODO FIM DE ANO

Todo fim de ano guarda uma tristeza,
Um gosto de inacabamento e um sentimento de perda.
Há sempre o não sentido de uma angústia,
Um gosto amargo de passar de tempo
E uma inquietude de tocar o futuro
Sem grandes projetos de existência.
Todo fim de ano é o equivalente de um grito
Contra a banalidade que nos consome.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

FIM

Quando se foge da própria fuga
Já não há mais para onde ir.
Não há se quer motivo para fugir,
Pois o medo foi consumado
E superado
No  esperado acontecimento do fato.
Ou seja, acabou.
É o fim.
Tudo terminado...
Silêncio... 



VIDA E MORTE


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017


SOBRE O NÃO SENTIDO DAS OPINIÕES

Posso estar errado sobre tudo. Mas se algum dia alguma boa loucura me esclarecer de uma vez,  através de uma ofuscação repentina, todo o absurdo que define o mundo, permanecerei simulando serenidade. Pois sei que em tal caso não faz qualquer diferença estar certo ou errado. O silêncio e o nada é nossa origem e destino. E isso é tudo que no fundo nos define. O significado ou não significado das coisas não passa de um adorno para nossa insignificância. Mesmo o absurdo é uma  franca ilusão, um mero discurso...


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

VIDA SOCIAL


Enquanto era vivo
Poucos buscavam sua companhia
E sabiam sua existência dentro dos dias.
Agora que está morto
É como se nunca houvesse existido.
Pois existir é relativo.
Poucos existem além da passividade do rebanho.
Viver não é o mesmo que estar vivo.
É um modo de existir socialmente,
De ser ativamente dentro do coletivo.




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017


CAVALEIRO

Indiferente ao mundo,
Sigo meu caminho
Como quem sabe o túmulo
Como destino.

Sofro o tempo, os outros
E o silêncio
Como quem já partiu.

Nada me aborrece.
Não nutro ilusões de futuros.
Vivo sem esperanças.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DIANTE DA MORTE

Nunca morremos conforme nossas melhores expectativas.
Não há imaginação que antecipe o último minuto.
A morte nos cala todos os discursos,
Significados, possibilidades e  futuros.
Cala até mesmo a imaginação da morte.
Pois o morrer não pode ser verbalizado
E escapa inteiramente as possibilidades do pensar.

A morte é selvagem e indomável
Na conclusão de tudo o que fomos.
Ela nos rouba até mesmo o dizer do próprio morrer.
Já que os mortos, afinal, nada sabem sobre a morte.
É em torno deste absoluto silencio que é morrer
Que tanto falamos sem nada ter realmente a comunicar.

morte


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

3X4 DE UM NIILISTA

Sou feito de vazios existenciais,
De silêncios e gritos
Que decoram o devir das coisas
Enquanto me desfaço
Rasgando meus próprios pedaços.

Não tenho qualquer ilusão de futuro.
Apenas sigo dentro do tempo
E através do nada,
Sem expectativas.

Minha vida é uma reunião caótica

De momentos desencontrados.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O NIILISMO DENTRO DA FRASE


Dentro da frase mora um silêncio,
Um não sentido,
Que não pode ser escrito,
Mas sustenta seu significado.


Quando percebido ele quase apaga
o dizer da frase,
Confessa o niilismo do gesto verbal
De brincar com enunciados.





quarta-feira, 29 de novembro de 2017

MORTE E MEMÓRIA

A memória nega a morte.
Vigora onde um vazio insinua
A marca do desaparecimento,
A falta e a ausência,
Que transforma os sobreviventes.

Assim, os mortos habitam os vivos
Como um eco,
Uma presença
Em perpetuação banal
De um passado comum
Que permanece em movimento.

Parte do  futuro é feito deste passado. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

MORRER EM VIDA


Morrer em vida é abdicar da experiência da imanência ou, pelo menos, recusa-la deliberadamente. Perdido, então, o vinculo entre a consciência e a experiência imediata, a vida não vive. Passa a acontecer no abstrato das valorações, das fantasias em torno do “deveria ser” e dos pueris prazeres do ego que, de modo unilateral, inventa e impõe seus próprios  critérios de verdade e validação do real.

Morrer em vida é abdicar da imediaticidade do prazer sensual e irracional em função de qualquer abstração racional e egocêntrica de verdade. Para muitos, a vaidade do deveria ser importa mais do que a própria existência.
  



APRENDENDO A ARTE DE VIVER




Tenho aprendido uma rotina de resistências. Seja em relação ao mundo ou, simplesmente, a mim mesmo. Persigo um ideal simples: existir em um ponto intermediário entre a representação e a vontade, entre o pensamento e o corpo. Quero me tornar, deste modo, um objeto de meu sentimento de vida e existência, esculpindo a imagem selvagem de ser em qualquer sensibilidade estética de mundo e realidade. Viver para mim  é movimento e arte na vocação para o não ser.


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

INSIGNIFICÂNCIA


Reduzido a banalidade deste existir animal, o que mais posso esperar a não ser me perceber como um ponto no meio de uma linha de nada?

Definitivamente, qualquer eternidade seria uma grande perda de tempo, a perpetuação sem sentido deste vazio que sou eu. Um eu equivalente a milhares de outros eus espalhados pelo mundo, que surgem e desaparecem continuamente.




DIAS E NOITES

Alguns dias são de sombras,
Outros são de luzes.
Ambos se dissipam em noites escuras,
Sombras e sonhos os ultrapassam
Enquanto o tempo segue selvagem,
Alheio aos passos simples das horas.
Pois é sempre agora.
Tudo é movimento.
Curta é a distância entre a meia noite
E a aurora.



sábado, 18 de novembro de 2017

QUASE DETERMINISMO

O finito jogo de possibilidades que nos define cada época da vida, de forma alguma pode ser entendido como escolhas. Mas como potencialidades pré determinadas de desenvolvimento. Somos reféns de nosso ponto de partida. Há sempre condições e premissas. Somos o que podemos ser subordinados às condições externas de nossa existência. Estamos sempre condicionados à determinado ambiente social e cultural que estabelece de antemão nosso vir a ser. Fazemos escolhas, mas elas não nos transformam em qualquer coisa diferente do que fomos condicionados à realizar. Ninguém escolhe morrer. Vivemos, ao contrário, como se fôssemos eternos. Mas morremos contra toda as expectativas que a vida nos leva a ter. Isto se aplica a tudo que nos acontece. Somos como jogadores sem direito a escolher o jogo. Mas agimos como se as regras não existissem para fugir a angustia provocada por tais condicionamentos. Seja como for, nada será um dia da forma que poderia ser segundo nossas mais banais idealizações. A vida é o que é: uma experiência limitada e frustrante carente de qualquer propósito. Assim sendo, apenas viva. Não crie expectativas ou alimente ansiedades. Nossos desejos nos limitam.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

FANTASMAS

Se a morte é essencialmente ausência, tudo que podemos oferecer aos nossos mortos o consolo de nossa lembrança. O afeto nos leva a livra-los da fatalidade do esquecimento, mesmo que de modo insuficiente e precário. A lembrança se converte em uma forma de vaga presença, de companhia que nos habita a imaginação. Assim, participamos da morte dos outros oferecendo uma parcela de nossa própria vida.

sábado, 11 de novembro de 2017

TEMOS UM PASSADO

Temos um passado que cresce enquanto gradativamente o futuro desaparece do nosso horizonte.
Temos um passado que nos define.
A maior parte do tempo presente
É feito de lembranças.
É através delas que realmente existimos
Depois de certa idade.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

AUTO RETRATO DE UM NIILISTA

Sou um ninguém habitando um rosto entre estranhos. Julgo-me mesmo relativamente invisível ao mundo nesta formal e irrelevante existência numérica. Não sou de qualquer forma importante. Apenas um consumidor de coisas inúteis, como outro qualquer, seguindo as tendências do seu tempo. Involuntariamente contribuo para perpetuação da grande comedia humana. Mesmo que sobre protestos.

Tudo que me define é a indeterminação niilista de uma consciência perplexa.

ESCRAVOS DO TEMPO


Somos todos escravos do tempo
Existindo na contra mão da vida
Através desta finitude
Que nos define como indivíduos.
Somos todos menos que nada
Delirando infinitos
Através do espaço
Adivinhando mitos.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A VIDA COMO PERPLEXIDADE

Aquilo que não pode ser reduzido a palavra,
A memória,
Nem esgotado por qualquer ciência
Pois não se conforma ao fato.
Assim definiria sumariamente esta coisa estranha
Que é estar vivo.

Tudo que compreende minha existência,
Aquilo que é dado e concreto,
Me causa espanto,
Inclusive isso que chamam
De consciência.

No fundo tudo se apresenta como um sonho
Que exibiu algum defeito
E inventou, assim, a realidade.

sábado, 4 de novembro de 2017

O LIVRO DA VIDA

O tempo escreveu a folha em branco da minha existência no livro da desventura humana. Repetiu o mesmo enredo sem sentido de sempre, afirmando a vida como um erro corrigido por um ponto final.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CONSCIÊNCIA TRÁGICA

Uma consciência trágica da existência é aquela que nos reduz a finitude do corpo, ao tempo como topografia da imaginação da existência.
Imersos no devir do mundo como indeterminado acontecimento, inventamos nosso íntimo inacabamento atraves da aparente constancia dos dias e das noites que nos consomem.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

NÃO ACREDITE NA VIDA

Educados desde cedo para acreditar na vida, aprendemos a chorar sem motivo.
A vida, afinal, não faz o menor sentido. A sociedade nos mata aos poucos com o fanatismo desesperado de seu otimismo vazio. 
Não há sabedoria fora do pessimismo, este delicado adorno niilista, que enfeita a testa dos descrentes.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A INEXISTÊNCIA COMO PREMISSA DA EXISTÊNCIA

A vida se esconde da morte. Mas não pode nega-la como destino de tudo aquilo que existe.
Morrer é um conceito humano que não dá conta da morte em sua concretude fenomenológica. O que torna o existir  quase um equívoco, um descuido,  da natureza.
A vida escondida em si mesma realiza a morte. Pois está submetida ao princípio da inexistência.
A inexistência abarca de um modo estranho tudo aquilo que existe.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O TEMPO E A VIDA

Considerando o tempo de uma sociedade, todas as vidas são curtas, imperfeitas e ralas. Mas para um individuo, uma década equivale a uma eternidade quando bem vivida. A morte torna o tempo relativo. Os anos nunca são suficientes. Mas, ao mesmo tempo, que tédio seria a eternidade.

Não há como medir o tempo de uma vida, pois o que realmente importa é sua qualidade, sua significação através de nossas experiências acumuladas. Quantos dias, afinal, não nos são inúteis na contagem dos anos? A  questão é saber aproveitar o tempo. Não há receita. Cada um sabe o vazio a ser preenchido em seus anos. Mesmo que passe a vida inteira tentando dominar seu próprio relógio, fugir a rotina das horas domesticadas do correr mecânico dos dias.


APRENDA A MORRER

Não há alma
Que nos livre da morte.
Nenhuma eternidade
Nos substituirá o futuro.
Morrermos e pronto.
Que mal há nisso?
Morrer é tudo.
Não é mais absurdo
Do que o nascimento.
O corpo ensina a morte

Através do tempo.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

NIILISMO HOJE

Não me vejo hoje como o caprichoso arquiteto de qualquer discurso novo sobre a existência.  Já não vivemos tempos de grandes novidades, mas de verdades recicladas, certezas requentadas e de  um grande vazio existencial. Perdemos nossas crenças no mundo, nossas ilusões de progresso. Mas ganhamos muito aprendendo a duvidar de nós mesmos. Logo, me vejo como um niilista, um partidário da hermenêutica do não sentido. Tudo que digo não me define.

NÃO EXISTÊNCIA

A não existência supera em muito a existência. Mas não podemos aprecia-la, nem mesmo sofre-la, ao contrário da vida. A não existência é o grande desafio e limite do pensamento. È algo que não se sabe através de palavras. É, ao contrário, exatamente aquilo que nos cala. Na maior parte do tempo não existimos. Existir é um acidente provisório a ser corrigido pelo nada absoluto. Não se entusiasme demais com a vida. Não vale a pena.

sábado, 21 de outubro de 2017

O INCONCILIÁVEL OU INEGOCIÁVEL DA MORTE

A morte possui uma intima relação com o passado e com a memória. Ela sempre nos remete a lembrança de pessoas que perdemos, de momentos que não voltam mais. Trata-se, entretanto, de uma associação ilusória. Nossas lembranças remetem a vida que se foi, nada remetem a morte, visto que ela é silêncio e desaparecimento. Tendemos a reduzir a própria morte a representação da vida. Mesmo quando não lhe impomos a fantasia de uma eternidade metafísica.   A morte é um conceito limite que transcende qualquer representação. Pode-se mesmo dizer que ela é a ausência de representação e da própria linguagem. Trata-se de algo que não pode ser definido em termos de consciência. Representar a morte é um contra senso. Mesmo o falar sobre a morte é um dizer da vida.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

PALAVRAS ESCRITAS

As palavras escritas,
fixas no tempo,
não dizem a vida.
apenas o eco de uma existência,
de um momento,
que já não faz mais sentido.
As palavras escritas
apenas reinventam o silêncio.

ESQUECIMENTO

Tudo aquilo que vivemos 
está fadado ao esquecimento.
A memória cultiva fantasmas,
os ecos de tudo aquilo
que jamais será novamente.

Mas a  existência que nos consome,
nos faz do nada ao nada
um monumento ao vazio perpétuo
contra os fatos e a memória.

nada será lembrado
nos abismos da eternidade.


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

TESTEMUNHO DE UM CONFORMADO

Estava acostumado a sofrer os fatos,
A seguir sempre em frente,
Indiferente ao mundo
E as mazelas da realidade.
Eu era um conformado
Que como todos os outros
Habitava silêncios.
Seguia a vida comum
Em suas receitas coletivas
Sem grandes esperanças ou expectativas.
Eu era apenas um numero
Dentro de tantas estatísticas.

Eu era menos que nada.

O TEMPO PASSA ENQUANTO MORREMOS

A verdade é que o tempo passa,
A gente muda para continuar o mesmo
Enquanto o corpo definha
E a vida se esgota aos poucos.

Somos apenas animais dóceis
Seguindo o fluxo da sociedade.

Achamos que temos alguma dignidade,
Mas não somos nada em nossos atos.

A verdade é que o tempo passa
Consumindo nossas vidas inúteis.


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O INVISÍVEL DA DECOMPOSIÇÃO HUMANA

A saúde pública foi reduzida a uma grande indústria que vive da iminência da morte, da fragilidade humana e da progressiva decadência de nossos corpos. A saúde pública é hoje em dia um grande pesadelo. Mas sua pior face fica escondida nos  cotidianos dos hospitais. Ela é invisível e nem merece a atenção mais crua dos jornais.


Mas neste exato instante em um leito hospitalar a vida de muitos jaz reduzida a um pesadelo. É claro que não pensamos sobre isso, mas nas promessas de felicidade nas propagandas de cerveja ou de creme dental. A decomposição humana nos é um fenômeno quase  invisível.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O CORPO HUMANO

O corpo humano é tudo que nos define,
Seja como vivos,
Seja como mortos.
No primeiro caso
Como presença,
No segundo como ausência.
O fato é que tudo é e acontece
No corpo.

PORTA VOZ DA ANGUSTIA

Não temo propriamente a morte. Meu receio é constatar diante de sua iminência que a vida não foi tudo aquilo que poderia ter sido. É  esta perda de mim mesmo no tempo vivido que me apavora todos os dias. É contra a nadificação cotidiana do mimetismo social que me insurjo como porta voz da angustia. Uma angustia  que de tão minha é de todos nós. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

MUDANÇA

Não espere que nada mude a sua vida. O tempo passa e as coisas simplesmente acontecem, apesar das tantas coisas que você faz para se sentir no controle da situação. Uma hora tudo fica diferente porque, simplesmente, não há como continuar como está. As situações se degradam, as pessoas envelhecem, os lugares mudam. Mas você nem se dá conta disso direito, até que envelhece e se torna um trapo, um resto de si mesmo.

Não espere que nada mude a sua vida, pois ela muda o tempo todo... até desaparecer.



COMO EU EXISTO



Tudo que para mim existe em concretude é o efêmero e o perene acontecer tacanho da vida cotidiana. As pessoas que amei, os lugares que frequentei, são todo o meu mundo e toda verdade que me oferece a humanidade. E tudo cabe em menos de um segundo de eternidade... Tudo é menos que nada. Eis a desmedida do mais elementar absurdo! Existo no acontecer pequeno deste mínimo que me ultrapassa...


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

MEUS SENTIMENTOS

Meus sentimentos estão gastos,
Me afastam de tudo que existe
Ensinando o nada
Como meta e caminho
Contra a realidade.
Por isso sigo em silêncio
Indiferente a tudo.
Sei que todas as coisas
Dispensam valor,
Que todos os dias
Ocorrem em um só momento
Onde tudo se perde,
Onde nada acontece
E a vida se faz ilegível
Em sua essencial perenidade.

No fim tudo acaba em esquecimento.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A VAIDADE É UMA QUIMERA


“Sem nossas dúvidas sobre nós mesmos, nosso ceticismo seria letra morta, inquietude convencional, doutrina filosófica” 


Emil Cioran

A vaidade ou a valoração irracional de si mesmo, em decorrência da simples existência, é uma fantasia saudável. Precisamos cultivar alguma auto imagem que imponha sentido a realidade vivida. Precisamos acreditar que somos social e pessoalmente importantes. Sem isso não seria possível suportar a existência. Todavia, tal afirmação de si mesmo, não deve ser maior do que a consciência de nossa finitude, de nossa nadificação. Deve-se sempre saber o devir da existência como um paradoxo entre o sentido e o não sentido. A boa consciência de nossas experiências depende sempre de algum grau de miopia.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017


SUSTO

Não tenho a ridícula pretensão
De impor a existência
Qualquer explicação.
A vida é apenas um grande susto.
Um susto que nos consome.
Todos os meus dias
São como um grito
E não há muito
A dizer sobre isso.


sexta-feira, 15 de setembro de 2017


UMA DOSE DE NIILISMO

O que hoje se coloca como meta para os espíritos críticos é a construção de uma estética do não sentido. É preciso desconfiar de todos os enunciados e banalizar todos os discursos.

Não é mais possível levar a sério as criações da imaginação humana. Seja no plano moral, filosófico, existencial e até mesmo cientifico. Somos criaturas ocas que se tomam por semi deuses.

Tudo que é humano me  é cada vez mais estranho e despido de qualquer valor. A existência não passa de uma mansa agonia, de um nada que conduz a nada.




quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O NÃO SER DO SER


Precisava muito de um minuto sem tempo, fora de mim e do mundo, vazio de tudo e pleno dos absurdos que me definem na impessoalidade de signos e símbolos....

Precisava não ser por um impreciso segundo para suportar a fantasia de ser....

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A ESPERA DO FIM

Vivemos da imaginação da catástrofe,
Da sua eterna iminência.
Apenas um fim proporciona significado
Aquilo que não faz sentido.
Nisso se resume a insólita experiência
Da nossa existência....


DESENCANTO

Chega sempre uma hora em que a existência simplesmente perde o sentido. É quando nos surpreendemos fartos da rotina, do destino e de tudo aquilo que ficou para depois. Nesta hora, diante do espelho, nos surpreendemos medíocres, limitados e frustrados. Simplesmente, não valeu a pena levantar da cama. As pálidas paisagens da existência não encantam, nada oferecem de interessante. No fundo, o mundo inteiro é uma grande piada, uma perda de tempo. Um dia você morre e tudo acaba sem se quer um ponto final. Não há conclusão. A vida é isso: um correr atrás do próprio rabo.


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

BREVIÁRIO DE DECOMPOSIÇÃO

Breviário de Decomposição ( 1949) foi o primeiro livro do romeno Emil Cioran escrito em francês. Não apresenta, ainda, a elegante angustia de seus Silogismos da Amargura ( 1952), mas sua  repercussão à época contribuiu decisivamente para estabelecer o autor como um dos mais singulares intelectuais europeus do pós guerra.

O Breviário lembra, em estilo e temática,  lembra uma obra anterior, Das Lágrimas e dos Santos (1937), que nos oferece  uma espécie de “teologia negativa” ou uma “mística do desespero”.

O niilismo de Cioran tinha à época, como pano de fundo a barbárie de duas guerras mundiais e a sombra por ela projetada sobre qualquer futuro possível à civilização ocidental. Não é, portanto, insólita sua retórica anti humanista, seu desprezo pela condição humana, pela cultura e a civilização.  
Para ele, todo sistema de crenças nos conduz  da logica a epilepsia, a própria existência é um fato insano e ilegível .

Como ele mesmo afirma em seu Breviário,

“ A vida, acesso de loucura que sacode a matéria... respiro: é o bastante para que me enclausurem. Incapaz de alcançar as claridades da morte; rastejo na sombra dos dias, e ainda existo somente pela vontade de deixar de existir.”

Por isso, é natural afirmar a vida, este intervalo que nos separa do cadáver, como uma ferida. O ser humano é um animal sem porvir empurrado para o rebanho como um fantasma de si mesmo. Eis o que resta em meio ao grande cemitério de todas as formulações e invenções frívolas das civilizações.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

SOBREVIVÊNCIA



Não tenho a intenção de dar certo.
Basta conseguir permanecer vivo
Por um longo tempo.
O resto, definitivamente,
Não importa.       
Sigo em silêncio

Através do gritar do mundo.