sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

MEU SILÊNCIO

Fiz morada no silêncio.
Existo entre meus mortos,
enterrado em saudades
e niilismos.
Respiro desastres e lutos
morrendo um pouco
ao amanhecer.




NOVO ANO NIILISTA

O ano novo é sempre o mesmo.
Mas o passado não para de crescer,
e um dia há de nos devorar,
enquanto a vida segue
sem rumo ou sentido
no caos infinito das coisas eternas que morrem em devir.




domingo, 26 de dezembro de 2021

BIG BANG

A vida é a explosão de um instante,
de um único  momento que se nega no tempo,
que se faz incessantemente outro,
mas que, entretanto, cala,
e se faz silêncio,
repentinamente,
em seu inacabamento,
pois nenhuma explosão é eterna
no caos da ordem que nos desfaz
na composição de confrontações infinitas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

FINADOS

O passado diz ao presente a presença dos mortos, o eco de tempos perdidos, onde a falsa serenidade dos dias,  ainda nos permitia sonhar, buscar,entre nossos pais e avós, horizontes possíveis de existência, vislumbrando distopias onde antes nossos antepassados semeavam esperanças. 
O melhor de nossas vidas está sempre na lembrança dos mortos que nos habitam.




quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

O TEMPO E OS ANOS

Os anos passam
e a gente envelhece.
Até o dia
em que fica apenas
o passar dos anos,
quando só a vida envelhece,
na constância insana
de renascimentos
no fundar dos anos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

APENAS A MORTE

deuses não  existem.
Há apenas a morte
escrita nas coisas,
no tempo e no corpo,
como inacabamento,
silêncio, 
de uma vida inteira,
que desaparece,
sem despedidas.
 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

O FIM



A terra gira,
o tempo passa,
e tudo termina,
sem chegar ao fim.

 Hoje,
não há mais mundo em nós
No vertiginoso  correr das coisas inertes
rumo ao inacabamento. 
Mas todo dia 
é sempre de novo um fim.

Avançamos incessantemente
para o fim,
que,  de alguma forma,
já aconteceu,
e continua acontecendo,
em cada nascimento,
através do tempo,
 na imperiosa afirmação universal do fim.




quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

OS MORTOS E O TEMPO

os mortos não  sabem o tempo,
nem a saudade dos vivos.
Pois morrer é silêncio,
vazio perpétuo,
inércia eterna,
daquilo que deixou de ser
e completamente escapa
a toda possibilidade de vir a ser.
A vida dá em nada na contramão do tempo.

domingo, 5 de dezembro de 2021

A VIDA COMO INCERTEZA

A vida,
essa coisa sem nome,
estranha,
que nos consome,
não mora em qualquer verso
que mancha a tela
E escapa ao texto chato
e acadêmico
abandonado na gaveta
A vida não cabe em conceitos,
leis ou metafísicas.
Tudo que escreveram sobre ela
ao longo de magros milênios
não passa de ingodo e balela. 
A vida não passa de uma incerteza
que nos inventa a morte.





quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

O DIA DE HOJE

O dia de hoje
morrerá em poucas horas.
Não  deixará saudades,
nem mesmo uma lembrança. 
Não importa se vamos acordar amanhã,
Quando tudo que existe
é o dia de hoje.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

A LIBERDADE DOS MORTOS

Os mortos estão livres do bem e do mal,
desconhecem a ilusão  da alegria e da tristeza,
não são movidos pela necessidade e pelo desejo.
Os mortos são  livres de si mesmos.
A liberdade é a meta verdade dos mortos
e a prisão dos vivos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

NADIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA

Sua vida, meu amigo,
não passa de um cisco
na abstrata humanidade
decantada nos livros.

Ela é um nada,
um instante triste,
sem lugar no vazio da eternidade. 

Todos os dias 
alguém nasce,
morre,
e não faz diferença. 

Sua vida, meu amigo,
mal existe
no acontecer biológico da espécie. 

A vida é aquilo que foge,
e o corpo é um composto
de nadificação,
um exercicio lírico de finitude.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

O NADA COMO FUNDAMENTO DE TUDO

No NADA cabem todas as coisas.
Mesmo que despidas do brilho da signifição
e privadas de qualquer valor de uso ou de troca.

Nele o mundo des-existe como sucata, ruína acumulada em imanência e entropia das significações,
como um estado perpétuo de silêncio da existência 
no crepúsculo da humanidade
soterrada pelo acúmulo de tanto passado no teatro das representações.

O NADA é uma metáfora da morte que preenche o vazio
com a presença absoluta da ausência de tudo que foi e será.


terça-feira, 16 de novembro de 2021

A ÉTICA DO MAL VIVER

Viver é sofrer
pequenos e grandes
desastres.

Existir é arruinar-se,
construir na ética
dos encontros
seu próprio desaparecimento
como catarse.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

VONTADE DE NADA

Há sempre uma vontade de ir embora,
de seguir em frente,
de fugir dos dias,
ou inventar outro canto,
uma alternativa de existência. 

Não importa o que a gente conquista,
as identidades que nos vestem,
nunca nada  é suficiente.
Há sempre o desejo de desaparecer de si mesmo.

É sempre a mesma agonia,
aquele limite do corpo e do mundo,
contra a vontade de ermo e infinito
de nossas asas ausentes.

BOA MORTE

Quando a vida se reduz a lembranças,  morrer é se mudar para o passado para habitar o esquecimento e desfazer-se em memórias, quando o futuro já não importa.

A VIDA CONTRA A EXISTÊNCIA

O corpo é mundo,
desejo e criação,
composição quase infinita
de coisas.

Mas a vida
é algo que  falta
a existência, 
é uma ausência que nos preenche e incomoda.

A vida
não é humana.
É natureza que foge,
um apetite que nos devora.

A vida é inimiga da existência,
um estado negativo do corpo,
uma expressão positiva do nada .



sábado, 13 de novembro de 2021

MORTE SUBVERSIVA

Morrerei de repente
abraçado num vento
sem direito a qualquer lamento.

Morrerei como antigamente,
sem lenço e sem documento.

Joguem no mar meu cadáver
em uma noite qualquer
de violenta tempestade.

Não  deixem meu nome virar silêncio,
lutem por liberdade.


FINITUDE

O tempo incompleto de nossas vidas 
segue incerto e aberto
pelas noites e dias
do andar do mundo.

Em algum momento
seremos extintos,
ultrapassados pelas crianças
que reinventam o hoje.

Mas, por enquanto, 
alguma vontade busca,
através de nós,
alcançar o sublime
de um instante de eternidade.

Nosso tempo
ainda é selvagem
no intenso presente
que nos transforma,
e as horas seguem abertas
em oportunidade.

Mas o tempo sempre nos falta
pois a vida é maior que o instante que resta.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

O ÚLTIMO ALMOÇO

O fim do mundo agora
frequenta a mesa do almoço 
sem cerimônias.
Toma acento entre nós 
como um amigo antigo,
íntimo de nossas angustias mais cotidianas.

Fala mal do planeta 
e amaldiçoa nossa hipócrita
defesa da vida
em nome de um progresso predatório.

O fim do mundo tem a face horrenda do novo capitalismo.
Promete o encanto de novas tecnologias
contra nossas desesperanças
e certezas de morte da vida.

A banalidade do absurdo
é o prato servido frio na mesa do almoço
onde o fim do mundo é convidado de honra.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

REFEIÇÃO

A vida é servida mal passada,
um pouco crua e sem sal.
Agrada o paladar de poucos.
Mas, o que importa,
se é ela quem nos devora?
Somos todos o prato principal
no banquete  da existência. 


domingo, 7 de novembro de 2021

VIDA COMUM

Somos todos 
Historias entrelaçadas
de gerações de corpos
e paisagens
a deriva no tempo,
sonhando a sobrevivência
contra o trágico da finitude.

Dentro de mim todos os meus mortos vivem,
morrem comigo,
todos os dias,
indiferentes a um mundo
que segue,
através da natureza
que nos transcende
e esquece.



sábado, 6 de novembro de 2021

MORRA SEM ESPERANÇAS

É ridículo esperar futuro
depois da morte,
apostar na alma,
num eu eterno,
como se o universo 
fosse baseado na vida,
 em qualquer ordem 
 ou sentido humano das coisas.

SOBREVIVÊNCIA E CANSAÇO

Farto de sobreviver
soterrado por meus passados
aprendi a sonhar com a morte
como fim de todos os meus cansaços.
Minha vida já foi tudo que podia ser.

MORTE INVISÍVEL

O mágico espetáculo da decomposição dos corpos no cemitério é invisivel aos vivos.
Ninguém suportaria a consciência da morte, ou a imaginação dos suicidas.
Por isso o essencial é sempre escondido, para que ninguém leve a morte as suas últimas consequências. 


quinta-feira, 4 de novembro de 2021

AS MARGENS DO FUTURO

Cada um de nós 
há de desaparecer
antes da chegada do futuro.
Futuro que é sempre outro,
ignorando os anos,
o amanhã e a vida,
nas tempestades dos sonhos.
Mas ultrapassamos o futuro
através da morte.

ERA UMA VEZ UM CÉTICO

 Cansado de ver o tempo arruinar a vida,

 jogou a existência na lata de lixo de um cemitério.

 Perdeu-se do mundo para preserva-se de si mesmo

 no sem rosto do devir biológico.

Não deixou vestígios,

não fez diferença. 

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

DESVIVENDO

Hoje a vida cansa,
desbota,
enlutada,
encolhida em qualquer canto,
temendo o tempo
que nos mata.

A vida sangra,
sem esperança,
e desvivemos esgotados
antes do amanhecer. 
 

 

domingo, 31 de outubro de 2021

O TEMPO E A MORTE

Cada dia tem um futuro diferente,
mas todos os dias conduzem ao mesmo fim.
Então, não  se preocupe com o futuro ou com o presente.
A morte existe em todos os tempos da existência,
reduzindo a  passado
toda forma de experiência. 

sábado, 30 de outubro de 2021

MORTE & VIDA

Morte e vida são  vasos comunicantes,
manifestações do nada,
do informe,
que sustenta a ordem aparente
do caos orgânico e inorgânico
além das formas, 
da natureza em devir de forças
onde tudo retorna.

MORRER EM CASA

Não  quero morrer sozinho,
fora do mundo,
na prisão  de um leito hospitalar.
Quero morrer em casa,
entre pessoas e coisas,
como quem dorme
e descobre a vida
como um sonho
do qual se acorda
no apagamento absuto
de si mesmo.

LAMENTO DE FINADOS

Estou na companhia dos mortos
velando o futuro
sob as ruinas do passado.

Tenho saudades da infância do mundo,
quando nada era humano
e o céu  abraçava a terra.

Sinto falta dos dias
onde todos estavam vivos 
e eu seguia vestido de esperança. 

Agora sei apenas
do amanhã quebrado
entre os mortos
invejando o nada dos inacidos.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

ANDANÇAS

Andar,
ir embora,
para qualquer parada provisória,
onde não  encontrarei meu destino.

Andar até o fim do mundo 
até o morrer da estrada.

Viver é estar sempre
de partida,
é caminhar sem caminho.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

AFIRMAR A TRISTEZA

Render-se a tristeza.
Mas não a tristeza banal
de um ego frustrado,
impotente diante do mundo.
É preciso abraçar
aquela tristeza que nos reinventa,
que desfaz sentimentos,
certezas,
na desvalorização das coisas
e deslocamentos do desejo.
Tristeza que funda
uma melancolia de guerra,
combativa,
orientada para sobrevivência. 
Afirmar a tristeza como revolta,
como engajamento filosófico
e deriva existêncial.



domingo, 24 de outubro de 2021

A VIDA COMO FALHA DA NATUREZA

Vejo a vida como um inconveniente acidente da matéria.  É pouco provável que tal acidente tenha ocorrido em qualquer outra parte do universo que, até onde sabemos, é totalmente indiferente a vida e a consciência. 

A ARTE DE ESCREVINHAR

Não posso escrever minha ausência, 
minha inconsciência.
Mas cada enunciado diz meu silêncio, mas do que minha presença. 
A impessoalidade das letras  fabula o real,
livra a aparência da ilusão da essência,
revelando o rosto como uma máscara,
o eu em toda sua inconstância.
As letras sempre estão em movimento, conscientes do devir do texto que inventa a ilusão do autor.
Escrever é aprender a morrer, alienar-se.

MORTE E MEMÓRIA

Carregar o passado como memória viva é saber a morte como uma ferida aberta.
Quanto maior o passado que nos pesa como lembrança, menor o presente que nos permite, ainda, alguma miragem de futuro.
O passado é a medida da morte, não da vida.

sábado, 23 de outubro de 2021

O TEMPO DA JUVENTUDE

O amanhã pertencerá aos jovens.
Pelo menos aqueles que sobreviverem.
Afinal, eles não sofrem, ainda, o peso dos anos,
não sabem as inércias que sustentam o mundo
entre a fatalidade e o absurdo.
Sustentam um ego infrado,
indiferente a morte,
e cioso de suas vontades.
Mas se o amanhã é dominio dos jovens,
o tempo é o território dos mortos.

RESUMO BIOGRÁFICO

Fui corpo,
Presença incerta,
entre o ato e a palavra
em movimento.

Depois fui nada no mundo,
entre o sonho e a memória,
até me tornar vestígio, 
marca de uma ausência,
e, finalmente, efêmera lembrança,
até mergulhar no esquecimento.






segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O FIM DA HUMANIDADE

Talvez  leve alguns séculos, mas a existência da humanidade será apagada do tempo de forma  absoluta.
E o universo, este nosso eterno desconhecido, permanecerá indiferente, sem tomar conhecimento do fato.
É por isso que sempre  digo: Nada é importante ou digno de qualquer valor.

domingo, 17 de outubro de 2021

SEJA NIILISTA

A vida segue sem sentido.
Nada é importante.
Nenhuma palavra apaga a morte.
Desde sempre 
tudo é silêncio. 
Então, 
escuta o vazio
que te preenche
contra o falatório universal.

sábado, 16 de outubro de 2021

DORMIR

Dormir, tão profundamente, 
que o corpo se torne uma pedra,
fugindo de vez à realidade.

Dormir até que tudo se perca,
que o mundo desapareça,
que nada mais precise ser dito
no enterro dos ouvidos.

Dormir, como quem não acorda,
como quem não se importa,
e já desistiu de fazer sentido.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

AS COISAS


As coisas existem em mim
mas do que eu nas coisas.
No fundo apenas as coisas
realmente existem,
pois carecem de percepção 
e razão. 
Elas não  morrem.
Apenas desaparecem, desfeitas,
na formação de outras coisas.
Não  me perguntem o que são  as coisas.
Elas não  carecem de ser.
Elas apenas existem.


quarta-feira, 13 de outubro de 2021

MOMENTO

Nada é para sempre
ou para sempre é o momento.
Momento que nunca é o mesmo,
que jamais se esgota ou se realiza,
pois devem outro antes de consumado.
Momento inalcansável 
na descontinuidade do tempo
que nunca transcende a instabilidade
de um único momento.
Tudo passa,
mas sempre persiste o momento.



DA INFINITUDE DO TEMPO A FINITUDE DA EXISTÊNCIA

O tempo que me resta
é infinito
em sua curta duração. 
Ele não cabe no mundo
e nem na minha imaginação.
É um tempo incerto
de depuração, de criação,
de uma experiência de perder-se
no ritmo da própria respiração.
É um tempo que desvela a morte,
a ausência, e a ilusão, 
como fundamento último da existência em sua finitude.

sábado, 9 de outubro de 2021

O DESERTO SEMPRE ESTÁ CRESCENDO

Enquanto o tempo nos devora
sonhamos a vida,
inventando futuros
contra o vazio da eternidade.
Mas os desertos crescem no quintal,
apesar da aparente estabilidade
que define um dia de sol.
Amanhã tudo será deserto e silencio, 
independente do que você faça hoje. 


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

UMA BOA MORTE

Meu sonho é viver uma " boa morte". Mas não no sentido cristão da expressão. Pois não  existe alma ou  salvação. Tudo é perdição. 

MORTE E NADIFICAÇÃO

A morte acontece no singular,
mas é coletiva em seus efeitos,
em sua imanência. 

É sempre a morte dos outros
que inventa nossa própria morte
como processo,
como nadificação e segredo,
ou acontecimento banal.

Afinal, ninguém  existe o suficiente para saber a eternidade ou deixar vestigios.

A morte é a impessoal destituição dos indivíduos. 





quinta-feira, 30 de setembro de 2021

FINAIS FELIZES

Sou um adversário  de finais felizes.
Sei que o fim é sempre triste,
que o ponto final
é uma faca cravada fundo
no peito da felicidade.
Toda ilusão será castigada!

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

TODAS AS NOITES

Todas as noites eu morro em segredo.
Um dia ainda será para sempre.
Cada noite é diferente,
nas variante de um constante silêncio. 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

A MORTE E O SONHO

Ontem sonhei com a morte.
Mesmo sem rosto,
ela era estranhamente familiar.
Num morrer onírico,
Soube através  dela,
em meu último  suspiro,
toda assignificância da vida.
Havia um sonho dentro do sonho
adivinhando meu pensamento
e povoando o vazio.

domingo, 26 de setembro de 2021

LUTO ABSOLUTO

A existência segue indeterminada,
Onde o passado não passa,
e a memória  pesa nos atos.

Viver não cabe no intenso doer da saudade.
Sigo ausente de mim enterradp na morte dos outros.



sábado, 25 de setembro de 2021

A GRANDE ANGUSTIA

A grande angustia 
é que tudo termina
sem aviso ou conclusões. 

Tudo acaba em esquecimento
e sem solução.

Nada e ninguém realmente importa
no devir absoluto da matéria e da natureza.

Tudo termina  sempre em escuridão. 



segunda-feira, 20 de setembro de 2021

LUTO E SOBREVIVÊNCIA

Quando todos estavam vivos,
eu era  feliz até na tristeza.
Mas como poderia, então,
saber a alegria de ser triste entre os outros,
pura e simplesmente,
na beleza da mais banal convivência?
Como poderia eu
prever o mal e o fatal,
da solidão absurda
da minha simples sobrevivência aos outros?
Eu era feliz entre todos sem saber felicidade
ou o significado de ser triste.

 

domingo, 19 de setembro de 2021

INDETERMINAÇÃO ONTOLÓGICA

Não sou um rosto,
um corpo, uma alma,
ou um eu quando penso.
Sou em tudo que lembo
a ilusão de continuidade
de um simples fragmento
de vazia eternidade
no abismo do momento
e da alteridade.



quinta-feira, 16 de setembro de 2021

DA IMPOSSIBILIDADE DA MORTE CONSUMADA

 

Todos os vestígios dos meus diversos tempos e eus serão apagados pela morte. Todas as possibilidades de transcender a invisibilidade comum através de um acontecimento público, serão descartadas pelo meu desaparecimento.

Ser deletado e viver deletado como dado dentro de dados equivalem dentro da não existência que nos acontece indiferente ao nosso nascimento e morte.



MORTE E FILOSOFIA

A morte é o que nos sustenta.
É através dela que inventamos 
a existência, 
que significamos o mundo,
inventando o des-sentido de todas as coisas.
A vida é um auto engano da matéria. 

sábado, 11 de setembro de 2021

TUDO PASSA

O tempo passa,
e a vida vira,
aos poucos,
outra coisa,
onde não cabe a gente.

A gente passa...
O tempo segue...
e tudo que era urgente 
vira antigamente.


terça-feira, 7 de setembro de 2021

PEDRAS QUE ROLAM



Seres vivos
são coisas estranhas
que se mexem,
se movimentam
sem esperança
e iludidas.

Pessoalmente,
prefiro a existência das pedras
que rolam,
sem a ilusão de vida
em imobilidade desinibida.



domingo, 5 de setembro de 2021

INACABAMENTO

Tudo vira ruína
antes mesmo
de chegar ao fim.

Tudo termina repentinamente,
sem tempo para despedidas.

Tudo acaba antes do final da estrada,
sem ponto final
ou adeus.


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

CONCLUSÕES NIILISTAS

 

Todas as metas,

Todas as crenças,

Objetivos e princípios,

não passam de ilusões,

para justificar a existência.



Como se fosse ainda possível

saber a ontologia de qualquer sentido

inerente a vida e ao mundo

quando dentro de nós

tudo está destruído

pela caduquice da ordem vigente.



terça-feira, 31 de agosto de 2021

MORTE SÚBTA

morte súbita  ou  abrupta, quando decorrente  de processo patológico (como por exemplo, um enfarto fulminante) geralmente ocorre nas primeiras horas do dia.  Atinge tanto pessoas aparentemente sãs como declaradamente doentes. 
Elas nos fazem sempre pensar sobre a fragilidade e incerteza da vida, nos levam ao confronto com nossa insignificância, com a precariedade dos significados e duração dos nossos feitos, conquistas e realizações. Não há fantasia de vida após a morte que a morte abrupta não abale realizando a antiga máxima, segundo a qual, para morrer, basta estar vivo.
Amanhã mesmo, será o inesperado último de dia de muita gente que faz planos para o futuro. Nunca há tempo para despedidas....

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

SEMPRE MORRENDO

Todos os dias acordo
subtraído de parte vital
do meu tempo.

Todos os dias sou menos,
menor e minguante,
ausente da ilusão do ego,
mas, diante do mundo,
cada vez mais insurgente,
intenso e desperso,
nos quatro cantos da morte,
onde me reinvento ausente
em futuros dispersos
em iminentes e humanas catástrofes.




quarta-feira, 25 de agosto de 2021

RETICÊNCIAS

Quanto tempo me resta?
Quantos dias me aguardam?
Talvez não importe.
Nunca será o suficiente
para consumar meu ponto final.

No fim me espera o inacabamento,
a angustia de três pontos de reticências.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

SOBRE A MISÉRIA DO NASCIMENTO

Com Emil Cioran aprendi a invejar os inacidos, todos aqueles que na potência do nada permanecem intocados pelo fardo da vida e da morte ou pela ferida de ima consciência.
Afinal, que grande má sorte é suportar uma existência!!

PARA UMA ÉTICA DA FINITUDE

É certo que um pouco de nós morre junto com aqueles que amamos e, ao longo dos anos, de muitas maneiras, participaram de nossa existência. 
Sobreviver aos outros transforma nossa vitalidade, nossa disposição para vida, ampliando a consciência de nossa finitude e do limite de tudo vivenciamos.
Todos os nossos atos estão condenados ao desaparecinento na impessoalidade da aventura humana.
 tudo aquilo que vivemos, sentimos e valoramos há de ser enterrado no silêncio de uma cova onde desaparecerão nossos restos.
Os vestigios de nossa existência não resistirão a duas gerações de nossa família, e nada disso tem qualquer importância.
Infelizmente não somos educados para morrer, não orientamos ou significamos nossas vidas em função de ima ética da finitude, que seria mais importante do que qualquer ingênua convição religiosa sobre a eternidade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A GRANDE DERROTA

Para cada um de nós, a morte é aquilo que não se vê, que não se sabe, e permanecerá, para sempre, inconcebível, pois sua realidade é nosso desaparecimento, nosso silêncio, ou o limite de toda ação, memória e pensamento.
Ela é a absoluta derrota da sobrevivência como vocação, o triunfo da espécie e da natureza sobre o indivíduo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

ENTERRO SEM DEFUNTO

E hoje o mundo 
vive a morte do futuro,
celebrando  
o  grande colápso pós industrial.

 No cemitério dos vivos
participamos de um enterro sem defunto
no abismo da emergência climática.

O dia  tem um gosto podre de morte,
Mas continuem consumindo.


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

DO LUTO A MORTE

Habito a memória dos  mortos,
vagando pelas sombras do passado.
Em meio a tantas ausências
O ontem tornou-se virtualmente meu hoje,
meu destino é o silêncio e o abrigo do esquecimento.

domingo, 15 de agosto de 2021

ESSÊNCIAL IGNORÂNCIA

O silêncio e o esquecimento são a mais radical experiência que inconsciêntemente compartilhamos.
Viver só é suportável devido aos limites do nosso cérebro. Eles garantem nossa ignorância sobre o universo.

sábado, 7 de agosto de 2021

MORRENDO

Lá fora
o tempo corre
contra a vida
enquanto alguém 
sempre morre
aqui dentro.
A morte é diaria,
e a vida é precaria,
pois morremos desde o nascimento,
viver é  só um modo de morrer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

A INDIFERENÇA DA MORTE

A morte é  feita de nunca mais.
Inaugura o outro como impossivel,
como ausência, 
saudade.
Ela cabe no eu
como uma falta do nós.

A morte está sempre
lá fora.
E nos ignora
quando morremos.


sexta-feira, 30 de julho de 2021

SOBRE NASCER E MORRER

 

A morte nos livra dos cuidados da vida. Neste sentido, lamentamos mais a morte daqueles que amamos do que a nossa. Valoramos a vida por razões francamente egoístas e narcisistas. Afinal, instinto de sobrevivência não é um instinto de eternidade. Nosso próprio corpo possui a morte inscrita em cada célula. Morrer é mais natural do que adentrar o mundo como um parasita parido de outro organismo. Valorar a vida chega a ser estupido....


 



quarta-feira, 28 de julho de 2021

MEU CORAÇÃO MORTO

Meu coração  abandonei no cemitério,
na sepultuta dos meus mortos
para marcar meu lugar
entre eles e contra a sociedade dos vivos.

Meu coração está tão  morto
quanto minha esperança 
no futuro do mundo,
pois sei que, desde sempre,
eu não existo
ou, simplesmente, resisto
contra o mundo.

MORTE, VIDA E SILÊNCIO

A morte é o passado realizado e consumado no presente como silêncio do Tempo.

No fundo, cada um de nós  não passa de uma nota na grande canção do silêncio. 

O mundo é o corpo do nosso silêncio. 

A natureza é o cosmológico movimento do silêncio .


terça-feira, 27 de julho de 2021

O OUTRO E A MORTE

 

A impossibilidade de ser outro

é a essência da morte.

Não mais ser capaz de escapar a si mesmo

é um equivalente da inexistência,

pois nos enterra no momento da identidade,

da estagnação e do anacronismo.

Viver é buscar o fora do outro.

sábado, 24 de julho de 2021

PASSADO VIVO

Não Aposto no futuro,
nem acredito no presente.
Sou o resto do meu passado, 
um eco de memórias e silêncios. 

Estar vivo é muito relativo.
Muitas vezes, 
o corpo apenas resiste ao tempo,
provisoria e inutilmente,
reinventando passados e antigamentes.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

SEM SAÍDA

Esperneie,
chore, grite,
cresça e se fortaleça.
Nada disso adianta.
Não ha futuro,
Não  tzm saida...
Esqueça.

domingo, 18 de julho de 2021

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO

A vida acontece
na medida em que esquecemos,
que nos esquecem,
e desaparecemos,
enquanto inventamos memórias 
mergulhando em silêncios 
de corpo e pensamento
entre rotinas e imanência.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

MORTE CONTEMPORÂNEA

Acho que morro
antes de por os pés em marte,
de ser clonado
ou me mudar
para um cérebro positrônico.

Morro antes do morrer do humano,
do explodir futuro,
do desaparecimento do mundo.

Isso pouco importa,
desde que eu não  morra
como antigamente.
Quero ser vitima da fatalidade
de um curto circuito.





sábado, 10 de julho de 2021

A MORTE DA MINHA TIA

Minha tia morreu
sem saber que morria.
Findou tranquila
no sono do coma
e sozinha em hospital.

Minha tia morreu sem adeus.
Dormiu sem querer
desacordando do mundo
num dia de julho qualquer.

O TEMPO MUDA NA MORTE

A morte transforma o passado.
Diminui a existência na afirmação da vida.
Vida inumana que se revela natureza inaudita
onde tudo é  incerto
e nada faz sentido.

O tempo que insiste em si mesmo,
torna-se outro
através da morte que nos converte em ausência. 




quarta-feira, 7 de julho de 2021

A DOENÇA QUE ME TERMINA

 

A doença que me limita,

define e mata,

é conclusão de mim mesmo,

a ultima definição dos meus dias

ou simplesmente,

uma libertação melancólica

do peso da existência.


Onde meu tempo termina

e escapa do mundo e do eu

há apenas a liberdade que jamais saberei.


A doença que me termina

me liberta da morte

e me restitui ao nada.

O FARDO DA SOBREVIVÊNCIA

Resta em nós,
sempre de novo,
 o espanto,
o assombro e a perplexidade,
diante do natural final
de uma vida inteira.

A morte nos rouba 
tudo que importa.
Mas o que importa
é nada,
qualquer ilusão passageira,
de agir e transformar  um mundo
que nos ignora.

Somos meros apêndices da natureza,
um imperfeito silêncio 
da matéria orgânica.

Resta em nós,
sempre de novo,
o limite da sobrevivência,
que nos comunica
uns com os outros
na realização incerta
do absurdo humano.



terça-feira, 6 de julho de 2021

LUTO E SAUDADE

A pior solidão é a saudade.
A vontade de recuperar o passado,
de fugir do futuro,
que faz do presente um tumulo.
A vida não  vive onde a saudade triunfa.

O TEMPO E A GENTE



Sabemos que o tempo não  passa.
Quem passa é  a gente.

O tempo é inerte
no paradoxo de seu movimento.

É silêncio que devora os atos,
as lembranças, as paisagens,
  os dias seguintes
e todos os aniversarios.

O tempo é adeus e silêncio
em imóvel despedida e disalento.






 
 




sexta-feira, 2 de julho de 2021

DESENCANTO

No mundo de hoje em dia, 
o futuro não  existe,
e as inércias de muitos passados
dominam o presente.

O momento de agora 
não realiza a plenitude de nossa existência. 

Seguimos pelos dias
como mortos vivos
enterrados no grande deserto 
do tempo e do espaço. 

A vida não  vive em nosso desejo,
em nossa falsa realidade 
de trabalho e consumo.

A vida é  outra coisa que nis escapa
enquanto respiramos
com certa dificuldade.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

A HUMANIDADE DA MORTE

O mundo tornou-se doença.
O outro é  um virus,
a sociedade um cancer,
que através de nós
adoece o planeta
e todos os modos
não humanos de existência. 

Apenas a morte é 
de todas as formas
e em todas as partes
onde o humano produz
seu lixo metafisico
um lugar absoluto de imanência.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

O PASSADO COMO JANELA DA MORTE

Quando entendemos a morte como o absoluto da inação e inércia, podemos afirmar que a memória e o passado são  uma janela  da morte.
A morte, neste contexto, torna-se a ausência  do agora. Mas tal hipótese só vale para a consciência e parcialmente para o corpo para o qual a consciência é  um efeito menor de sua vocação limitada a sobrevivência. 

segunda-feira, 28 de junho de 2021

O ÚLTIMO DIA

O último dia sempre chega sem aviso.
Resume uma vida inteira
no espanto de alguns segundos.

Desaparecemos do tempo e do mundo 
concluindo o parto.

Tudo termina
e a vida segue
no sem sentido do ser
que através dos outros permanece.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Gente morre,
gente nasce,
a existência passa
e a vida fica.

A morte é viva
e ativa
em todas as partes.

A eternidade não  passa
de uma ingênua utopia.

Gente morre,
gente nasce,
gente morre,
e ninguém sabe dizer
o que é,  afinal, a vida.

LUTO E SOLIDÃO

 

Sozinho pertenço aos outros

que não me sabem mais,

que escaparam ao mundo e a realidade.

Habito ausências,

cultivo saudades,

despido do abrigo de identidades.


Sozinho pertenço ao vazio

de ser fora de mim

o resto dos que se foram.

terça-feira, 22 de junho de 2021

O PARADÓXO DA VIDA E DA MORTE

 

Só a vida muda a vida

através da vida

em seu canto de morte.


Eis o grande paradoxo

do fluir do que existe:

A morte sustenta a vida

através do tempo dos homens.

Nada permanece

onde tudo persiste.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

QUASE NÃO HÁ VIDA

Há corpos por todas as partes.
Tudo acontece.
A vida segue.
Mas como são pobres as imaginações!
Nada acontece!
Quase não  há vida!
Existe apenas a lei & a ordem
na prisão de rotinas.
A cidade é um formigueiro anti ecológico
onde tudo é estéril na produção  do tédio e do caos.
 Os corpos apenas envelhecem.
Quase não  há vida.


terça-feira, 15 de junho de 2021

CORPO INERTE

Viver nos inventa 
como incerteza e
acaso ,
entre a necessidade,
a vontade e a consciência.
Mas somos apenas
um silêncio  que cresce
como movimento
contra a ilusão  do tempo,
da palavra e do corpo vivo.
o corpo é  por definição  inerte, 
vazio, no devir da materua inerte.


SOBREVIVENCIA

A morte nunca foi o contrário  da vida. A vida não  morre. cada um de nós  morre como corpo, através  do paradoxo da sobrevivência. 
A vida é o descartavel de nós
no existir multiplo que sempre se reproduz na mimese do absurdo.

domingo, 13 de junho de 2021

SOBRE OUTRO POST NIILISMO

Outro dia,
postei em qualquer rede social,
algum dizer confuso,
sobre a falta de sentido
e o obtuso de nossa existência. 

Escrevi poucas palavras 
sobre o inútil exercicio
de nossa suposta humanidade,
sobre nossa indecência existencial
ou ridicula prepotência.

Depois fui dormir 
ainda digerindo
minhas próprias palavras.

Queria afirmar,apenas, 
minha enorme indiferença,
diante da experiência de acontecer no mundo
perdido entre o Ser e a existência. 








sábado, 12 de junho de 2021

MORRER DE PESTE

Morrer de peste
é um morrer diferente.
Não  é  natural
ou de acidente.
É um morrer coletivo,
anônimo,
destes que sabem os indigentes.

É um morrer precário,
um participar de catástrofe, 
que anula o rosto.

É um morrer sem alma,
solitário no abraço 
de um absurdo tosco,
coletivamente estabelecido,
por alguns concentido,
que nem mesmo cabe
na palavra tragédia. 

É um morrer pela tristeza,
pela indiferença,
pela ignorância, 
que nos contamina nas ruas
e nos anula na realização de uma impotência 
para o qual a vida
nunca saberá a cura.


sábado, 5 de junho de 2021

ADIAMENTO

Sempre espero 
que o dia amanheça
antes que seja tarde demais. 

Sempre quero que nada aconteça,
que a vida prevaleça,
e que a morte venha mais tarde.
Muito mais tarde,
consumando o tempo
do sem tempo
do devir absoluto.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

O ABSURDO DA VIDA

O hoje é  o passado 
progressivamente apodrecendo
através de nossas vidas.

O futuro não  existe.

O antes do nascimento
e o depois da morte,
reinventa a natureza.


MORRER CONTRA O MUNDO

Sei que desaparecei sem festas. 
Deixarei a vida em silêncio, 
na indiferença  do meu anonimato.

Não  serei lembrado
ou coroado entre os meus sobreviventes.

Serei reduzido a inconveniência
de um cadáver.
Apenas isso.
Na contramão  do mundo
vou desaparecer de tudo
como sempre vivi contra todos.




terça-feira, 25 de maio de 2021

MORTE E LIBERDADE

A morte é  a liberdade de não ser,
de não sentir, 
de não  querer,
de não  saber.

A morte é  o verdadeiro fim de deus,
a realidade do ateu,
a imanência  levada as ultimas consequências 
da vida que não  cabe
no existir de ninguém
na radicalidade da finitude.

A morte é o sublime da estética da queda,
o devir absoluto da matéria. 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

LUTO E IMANÊNCIA

São tantas as perdas
que me pesam na memória 
e no peito,
que já não sei se vivo
ou se, simplesmente,
respiro ausências
no eterno passado 
do meu breve futuro.



segunda-feira, 17 de maio de 2021

CONTRA A DIALÉTICA

Todos os dias são binários:
Sol e lua,
mar e terra,
verdade e mentira ,
alegria e tristeza,
bem e mal...

como se a vida fosse um filme B
em preto e branco,
sem enredo ou qualquer final.

O telemóvel toca. 
Não  atendo.
sei que a voz que me busca,
através  dele,
é o eco de alguma ilusão. 

Nenhuma oposição faz sentido .
Sou feito de incertezas e paradoxos,
de conscidências de opostos,
que escapam aos dias
e a qualquer diálogo.

Nem mesmo sei se existo
ou se apenas habito
as memórias dos meus mortos,
se amanhece ou anoitece
enquanto definham as horas
onde me vejo vago e incerto
além de todos as oposições.

Não me interessa a dialética.
Tudo é o eterno retorno
do sempre igual.



quinta-feira, 13 de maio de 2021

HISTÓRICO FAMILIAR

A gente cresce para ver todo mundo que importa morrer. Nisso se resume nosso devir biografico.
Viver é  um aprendizado de finitude e solidão. 

domingo, 9 de maio de 2021

O SONO E A MORTE

Rsquecer,
dormir,
quase não ser.

O sono é uma quase eternidade,
um silêncio que faz do tempo
um nada abdoluto,
uma anti realidade.

A morte, aginsl,
é um sono sem sonho. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

VIVER & MORRER

É  tão  facil morrer,
É  tão  necessario morrer.
De morte natural ou acidente,
iremos todos morrer.
O dificil,  o incerto,
É  justamente viver....

IMPASSE

Não  sei o que faço
do urgente e do desnecessario,
que em dialogos loucod me consomem em ansiedade.

A morte sempre me observa
na noite do dia seguinte
insinuando o abismo do impasse....

FALTA DE TEMPO

Faz algum tempo
que não  tenho tempo
para saber do tempo
e nada anda bom.

Talvez eu não  tenha mais tempo
através  do tempo que segue
e se inventa
além  e indiferente a mim...

MORTE VIRTUAL

A morte se apresenta para mim como uma vertigem diaria,
com um cansaço fisico,
um fastio de consciência  e de mundo,
uma espécie de estado de consciência.

terça-feira, 27 de abril de 2021

DIA SEGUINTE

Mais um dia amanhece
e eu ainda respiro
contra todos riscos
que correm minha existência. 
Mas acordo, mais uma vez, 
como em todo dia seguinte,
 em estado de perplexidade
como quem desperta para um pesadelo.
o dia seguinte,  afinal ,
não  traz o futuro.
É  apenas mais um inutil e banal
dia seguinte. 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A VIDA COMO TEATRO DA MORTE

No fundo, a finitude da gente no sofrer do susto de existir no mundo, é um rito coletivo de estranhamento e  luto....
No palco gasto da vida cotidiana a cena é a peça tragica  do cemitério  dos mortos vivos que somos nós



TEMPO DE ADEUS

O mundo agora é tempo
tranafigurado em espaço, 
em palco cotidiano
de sucessivas despedidas.
Digo adeus aos mortos,
ao dia,
as espectativas
e certezas mais douradouras. 
O cotidiano tem gosto de adeus
e melancolia.



quinta-feira, 22 de abril de 2021

NO MEIO DO MUNDO

No meio do mundo
havia um corpo.
Ontem estava vivo.
Agora jaz morto.

O mundo
nunca percebeu
a existência daquele corpo.

Agora ele 
É outra coisa.
Resto 
natureza,
que se deserpersa
dentro da terra .

Mas já foi gente 
no meio de um mundo
que sempre lhe foi indiferente. 

Um mundo que não  será  pra sempre.






quarta-feira, 21 de abril de 2021

POUCO ME IMPORTA MORRER

Viver não  me importa mais. 
meu corpo morre um pouco
todos os dias.
o mundo segue, 
como sempre sem rumo,
enquanto meu existir estreita.

Morrer é  um prazer
depois  de uma vida inteira.

Nada de humano importa
no acontecer de caos
que anima a natureza.

Meu fim será  a óbvia descontinuidade da ilusão  de ser
entre tantas incertezas.

domingo, 18 de abril de 2021

O PARADOXO DO DIA E DA NOITE

O fim do dia da vida
nunca acontece. 
A noite, afinal,
sempre atencede
o nascer do sol.
O passado, no fundo,
é  nosso futuro.
É  sempre noite no céu. 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

VIDA É MORTE

vida é  tudo que acontece 
e no seu modo de ser se transforma,
se nega.
É  materia em movimento
no progresso do tempo
sempre incerta de si mesma.

vida é  morte,
desaparecimento é esquecimento.

Nada é  como foi um dia
no eterno retorno do diferente.


CONDENADOS A VIDA

Não  há como escapar da vida. 
Dessa vida concreta e alheia a si mesma, 
circunscrita ao corpo, 
que se faz contra e através do mundo,
que busca seu próprio dupro,
seu outro obscuro de desconhecidos modos de Ser profundo.

Essa vida que sofre todos os absurdos da insanidade do humano e do absoluto.

Essa vida que morre através 
de cada um de nós. 
Que persiste através de nossos filhos como uma erança maldita.

Não  há como escapar. 
Estamos condenados a agonia  de nossa  breve existência
até que a morte nos liberte
através do nada e do esquecimento.


quarta-feira, 14 de abril de 2021

VERSO MORTO

A letra morta do verso
não acorda o corpo 
nem muda o mundo.
Só transforma o que sinto. 
E eu sinto muito....

sexta-feira, 9 de abril de 2021

NA HORA DA MINHA MORTE

Que a morte me cheque suave,
no anonimato das coisas,
na mais serena falência do corpo,
e fracasso dos pensamentos.

Que eu me torne silêncio 
indiferente a vida
e retorne ao nada
despidi de memória.

Quero ser salvo se tudo que fui
no mais Turbo esquecimento
do equivoco da minha existência. 


quinta-feira, 8 de abril de 2021

DERROTA

Fiz o inventario das minhas catástrofes.
Quase tudo que vivi
alimentou angustias, 
frustrações e perdas
que o tempo impracável me impôs.
Do beijo, 
Da alegria e do sucesso,
restam apenas as cinzas.
Minhas  vitórias foram derrotas adiadas.
Não  se pode vencer na vida.
Pois ela não  passa de um jogo de morte.




segunda-feira, 5 de abril de 2021

MORRER

morrer repentinamente,
sem aviso ,
sem tempo de despedidas...
Morrer,simplesmente  desapatecer,
sem explicação ou sentido.
Cair no acaso ,
sumir do mundo,
ser finalmente livre
e esquecido....

MORTE E LIBERDADE

Nada é  mais triste do que sobreviver aqueles que amamos,
do que carregar em nossas vidas 
a morte dos outros.
Mas a morte não é  de ninguém.
Ela é  e todos e, ao mesmo tempo,
escapa  a cada um de nós. 

A morte é a liberdade em seu sentido mais radical.
Ela nos livra do peso  de ser,
Da angustia de viver e querer,
de sofrer por nós  e pelos outros. 



MORRER EM TEMPOS DE PESTE

A morte já não é  como antes.
Agora morre-se de Peste,
coletivamente e sem velório. 

Morre-se de tempo presente,
de negrigência,
de emergência climática 
e de crise da humanidade.

Morre-se como estatistica
entre o medo e o espanto.


quinta-feira, 1 de abril de 2021

POEMA NOTURNO

Sigo dentro da noite
farejando a morte,
o tempo e a sorte.
Pode ser hoje
tarde demais
para dizer adeus.
Só sei que a morte
não  é  minha,
mas de todos nós. 

terça-feira, 30 de março de 2021

MEUS MORTOS E EU

meus mortos inventam o resto da minha vida.
Eles sustentam novos olhares e afetos
que não  cabem em meu tempo
ou no que resta de mim.

A vida é como um trabalho mal feito
que a gente nunca termina direito,
é  quase uma despedida sem fim.

segunda-feira, 22 de março de 2021

O TEMPO DA MORTE

 

Segui minhas próprias pegadas.

Até avistar

Meu passado chegando

de braços dados com a morte.

Eles parecem felizes

quando tudo em mim

é o peso do ser tarde demais,

de estar sozinho e no fim do caminho.

Mas que diferença faz?

Estou morto desde o dia do meu nascimento.

O tempo é um absoluto circulo.

Jamais uma linha reta.

O fim e o inicio compartilham um mesmo ponto maldito,

um mesmo silêncio. 

PACTO DE REVOLTA

 

Mesmo quando minha vida

estiver consumada

e enterrada no invisível

do passado comum

Quero estar presente 

no anonimato dos gestos futuros

daqueles que continuarão apontando

os defeitos do existir possível.

quando eu não for mais uma voz

ainda quero compartilhar  segredos

e intensos afetos com os que se revoltarem depois de mim.

O amanhã é  dos vivos e dos mortos quando ninguém  mais tem futuro.


quarta-feira, 17 de março de 2021

LUTO EM TEMPOS DE PESTE

Inerte, 
diante do seu corpo mudo,
não sei mais o que pensar da vida.
Toda realidade do meu pequeno mundo
habitava sua presença. 

Inerte, diante do tempo,
vejo descer a terra
todo vazio da eternidade,
toda intensidade da peste....



segunda-feira, 15 de março de 2021

SER NIILISTA

Não  há felicidade.
Não  há tristeza.
Persiste  sempre
o passar das coisas.
Tudo morre.
Tudo muda.
Tudo é  nada...
O eu é  o luto
da consciência 
que se embriagada de si mesma.



quinta-feira, 4 de março de 2021

TEMPO SUSPENSO

É cedo demais para morrer,
mas tarde demais para viver.
Existimos entre as ruinas
de um futuro sempre presente
nas incertezas do passado.
Tudo que vivemos é duvidoso.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O ABSURDO DO NASCIMENTO

Não lamento a existência,
Não temo a morte 
E pouco sei da vida.
Apenas aprendi meu nascimento
como um absurdo,
uma aventura sem sentido
onde não cabe valoração ou significação ontológica.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

A PESTE DENTRO DA PESTE

A peste dentro da peste,
torna a morte onipresente,
intensa.
A vida não vive e o céu não existe.
As crianças nascem semi mortas,
a cidade cheira a cemitério.
Resta a todos um sono sem sonho,
um velório de mortos vivos.
O mundo é um grande deserto.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

DEPOIS DO FIM

 

Quando meu tempo for nunca

e meu nome esquecimento

saberei a paz das pedras

e o quase não ser do vento.


Todos os meus atos e sentimentos

serão nada

e minha vida uma pagina virada

na existência dos meus sobreviventes.


Tudo simples,

banal e normalidade

quanto a queda de uma folha

em uma tarde outono.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

MEU EU NÃO NASCIDO

Meu eu não nascido me aguarda desde sempre no dia incerto  da minha morte.
Ele me aguarda em silêncio em sua inexistência como uma pequena e invisivel pedra que anula tudo que é manifesto, tudo que fui e será nos outros, na puada sem graça de toda existencia.


CONDENADOS

Estamos condenados a morrer sem saber nada sobre a vida. 
Pois existimos em sociedades destinadas a producao social da morte em vida.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

QUAL O GOSTO DA MORTE?

Afinal,
Que gosto tem a morte?
É algo que quase se sabe
No ultimo instante da consciência
Que desaparece pra sempre.

O gosto da morte ,
sua antecipação,
é a mais radical experiência 
que a vida oferece.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A MORTE COMO UTOPIA REAL

Como não ver na morte um grande alivio existenial?
É impossivel não toma-la atualmente como a resposta mais eficaz ao tormento da vida  e ao absurdo do mundo.
Quem ainda seria suficientemente idiota para não ver na coparticipação na grande comedia da especie humana  o mais horrivel dos fardos?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

QUEDA NIILISTA

Tropecei no não sei,
Cai no não ser,
E mergulhei no abismo
De nada querer.
Provei, assim,
O desvalor das coisas,
O horror do mundo e descobri o absurdo
De ter um dia nascido.
Desde então,
Sigo embriagado
Pela liberdade do niilismo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ETERNO LUTO

 

Nunca mais a vida será intensa.

Pois a vida acontecia em você.

Você era imensa…

agora, mora em mim

apenas sua ausência

arruinando lentamente

o que resta da minha existência.

O NÃO SER DO CORPO

 

Esta estranha soma de coisas que fazem de mim um corpo sustenta a ilusão do tempo dentro do espaço, inventa a vida como um acontecimento sempre passado, sempre ausente.

A soma das minhas partes subtrai minha existência.

Meu corpo é minha sorte,

minha morte.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

CANTO DE CEMITÉRIO

 


Não levo a vida a sério.

Nem mesmo a tomo como um valor.

Por que o faria se todos os afetos,

ambições e conquistas

são esquecidas um dia

em algum canto de cemitério?

POR MAIS UM DIA...

 


Por mais um dia

respiro o ar impuro do mundo

e piso, com má vontade,

o chão sujo

da antiga cidade.


Por mais um dia

choram em mim memórias

de rostos perdidos.

Tudo é exílio e absurdo.


Por mais um dia

espero a noite e a morte.... 

sábado, 23 de janeiro de 2021

DEFINIÇÃO DE PAZ CONTRA A FELICIDADE

Um dia serei livre do mundo,
Dos outros e do eu.
Retornarei ao nada
De antes do nascimento.
Nenhum ideal ilusório
De felicidade
Substitui a paz da morte.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

NÃO HÁ RESPOSTA

 

Não há resposta.

Se quer me lembro

da questão formulada.

Odeio tantos questionamentos sem sentido.

A vida não é uma equação matemática.

Não há resposta.

O futuro é a morte….


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

CONTRA EXISTÊNCIA

Desde sempre estive entre os mortos.
Meu existir não diz a vida,
Mas minha ilusão de presença
E a assignificancia de ser.
Tudo em mim é o simulacro
De um desejo sem objeto
Ou mundo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

SOBRE SER E NÃO SER

 

Talvez o sofrimento não tenha justificativa alguma, assim como a existência, em geral. A existência deveria existir? Há alguma razão no fato de existir? Ou a existência não teria outra razão senão uma imanente? A existência existe apenas como existência? O ser é apenas ser? Por que não admitirmos um triunfo final do não ser, por que não admitirmos que a existência se encaminha para o Nada e o ser para o não ser? Não seria o não ser a única realidade absoluta? Eis um paradoxo à altura do paradoxo deste mundo.” (E. M. Cioran)


Entre ser e não ser me faço vivente, reticente, incerto, impertinente. Toda certeza é que venho do nada e me desfaço no nada a cada segundo de afirmação da vida como ilusão de um corpo condenado ao não ser.

No fundo, a vida é questão de não ser dentro da natureza ilegível de um acontecer sem sentido dentro da ilusão da consciência das coisas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

O FIM DE UM ORGANISMO VIVO

 


O fim de um organismo vivo

não afeta a vida.

Muito menos define a morte.

É apenas uma descontinuidade  banal

No ciclo da natureza.


Por outro lado,

não há alma, nem espirito,

nenhuma pós vida pode ser provada.


Tudo que sabemos é o fim do organismo vivo,

que não afeta a vida

e muito menos define a morte.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

REDENÇÃO

 

Uma hora tudo que sou

será passado,

ponto morto no tempo,

Insignificância e esquecimento...

E a vida vai continuar sendo,

acontecendo como antes do meu nascimento.

Finalmente ficarei livre da consciência,

do ser e da sobrevivência.

Serei nada,

serei tudo.

Estará finalmente desfeito

o grande erro da minha existência.